A religiosidade dos trabalhistas ingleses

Bertrand Russell, em sua “Autobiografia” (Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 1967, vol. I, pp. 94 e 96), descreve a religiosidade de Beatrice:

“Mrs, Webb tinha um âmbito mais amplo de interesses que o marido. Interessava-se bastante pelas criaturas humanas, tomadas individualmente, e não apenas quando estas podem ser úteis. Era profundamente religiosa, sem que pertencesse a qualquer ramo reconhecido da ortodoxia, embora como socialista, ela preferisse a Igreja da Inglaterra, por se tratar de uma instituição estatal. (…)

Durante vários anos, Mrs. Webb era adepta do jejum, devido, por uma parte, a motivos higiênicos e, por outra, a razões religiosas. Não tomava breakfast e, ao jantar, comia pouquíssimo. Sua única refeição sólida era o almoço. Ela quase sempre tinha várias pessoas ilustres para almoçar, mas sentia-se tão faminta, no momento em que o mesmo era anunciado, que passava à frente de todos os seus convidados e punha-se a comer. Não obstante, acreditava que a fome a tornava mais espiritual, sendo que, certa vez, me disse que ela lhe proporcionava delicadas visões”.

James Keir Hardie, Ramsay MacDonald, Wells, Bernard Shaw, os Webb e o sobrinho destes, Stafford Cripps e outros grandes políticos trabalhistas ingleses eram socialistas e também pessoas religiosas, demonstrando, pela prática, que não há contradição alguma nestas idéias. Defendiam Estado social, democracia popular, cooperativismo, economia mista, planejamento, estatais etc. Basicamente o que eu defendo. 

Cripps, o sobrinho dos Webb, dirigiu o Partido Trabalhista, e foi um dos políticos mais influenciados pelo cristianismo, tal como foi Clement Attlee. Desde o inicio, os bispos católicos ingleses liberaram os leigos para participarem do Partido Trabalhista, mesmo sendo este um partido socialista.

Os socialistas cristãos controlaram o Partido trabalhista Independente desde o início, basta considerar James Keir Hardie, Philip Snowden, Bem Tillett, Tom Mann, Katharine Glasier, Margaret MacMillan e Rachel MacMil. Esta corrente influenciou, também, os líderes do partido socialista americano, especialmente Thomas Normando e Upton Sinclair.

O Cardeal Bourne, arcebispo de Westminster, deixou claro, em 1925, que os católicos podiam licitamente filiar-se no partido trabalhista, que era socialis