Santo Agostinho, Cícero e Aristóteles, ideias comuns

Santo Agostinho, no final da vida, no livro “Confissões” (III, 4,7), atribuiu sua conversão à leitura do livro “Hortensius”, escrito em 45 a.C., por Cícero. Cícero redigiu este livro com base no livro “Protréptico”, de Aristóteles. Neste livro, perdido quase todo, tal como na “Grande Ética” e na “Ética a Eudemo”, fica clara a ligação entre aristotelismo e platonismo. O livro “Protréptico” influenciou também os estóicos (Crisipo, Cleantes e outros) e atingiu mesmo São Clemente de Alexandria, que redigiu um livro com este título.

A ética de Cícero foi exposta no livro “Dos deveres”, sua última obra, escrita em 44 a.C., que é uma carta a seu filho, Marco, que estudava filosofia em Atenas. Cícero expõe a ética com base em quatro deveres gerais, quatro virtudes cardeais, quatro grandes regras, que se dividem em subregras (virtudes menores, decorrentes). Estas virtudes eram as quatro virtudes cardeais de Platão e do livro “Sabedoria”, da Bíblia. São as virtudes da justiça, da sabedoria prática (prudência), da coragem (fortaleza) e da moderação (temperança). Esta obra de Cícero tem grande relação com as obras éticas de Aristóteles (“Ética a Nicômaco”, para o filho de Aristóteles; “Ética a Eudemo”, “Grande ética” e “Protréptico”).

Os livros de Aristóteles desapareceram pouco depois de sua morte e foram descobertos somente no século I a.C. As obras éticas de Aristóteles têm basicamente o mesmo conteúdo que as obras éticas dos estóicos, especialmente Varrão, Cícero e Sêneca.