O socialismo de Durkheim tinha um fundo religioso e pedagógico e era ligado a correntes possibilistas e gradualistas do socialismo francês, a ala dos radicais próxima do catolicismo.
Era ligado ainda a Benoit Malon (que tinha religiosidade), a seu amigo Jean Jaures (1859-1914), a Mauss e estava próximo das idéias do socialista católico Charles Péguy (cf. o livro de Daniel Rops, “Péguy”, Rio de Janeiro, Ed. Agir, 1947).
O termo “possibilistas” tem relação com uma concepção antropológica basicamente cristã, que afirma a liberdade humana, mas sujeita a condicionamentos.
Há esta idéia nos socialistas graduais que querem a manutenção da liberdade, tal como nos textos de sociologia do padre Fernando Ávila, nos textos penais de Franz von Listz e nos textos geográficos de Paul Vidal de La Blache.
No livro “Da divisão do trabalho social” (1893), Durkheim fez a apologia da solidariedade, na mesma linha de grandes solidaristas como Leon Bourgeois (1851-1925) e o padre Pesch.
No livro “O suicídio”, ele elogiou a ética e a religião, como correntes que protegiam as pessoas contra as tendências ao suicídio.
Seu discípulo, Maurice Halbwachs, esboçou uma boa síntese entre Durkheim e Bérgson, entre o idealismo e o empirismo. Por exemplo, no livro “O suicídio”, como destacou Simon Deploige, na obra “O conflito da moral e da sociologia”, Durkheim escreveu: “Não só de quando em quando, mas a cada instante da vida, precisa o indivíduo verificar se as suas ações se dirige e conduzem a um fim. Para que a existência não lhe apareça como vã, cumpre vê-la constantemente subordinada a um fim que lhe toque de perto”.