A tese do grande Aristóbulo

Aristóbulo tentou demonstrar que os textos bíblicos, mesmo antes da Septuaginta (a tradução da Bíblia para o grego, entre 280 a 250 a.C., em Alexandria), influenciaram Orfeu, Homero, Hesíodo, Lino, Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles e os estóicos.

No fundo, esta tese não seria necessária, pois catolicismo e pensamento hebraico defendem a tese da confluência entre a razão e a fé. Ou seja, em cada povo, em cada pessoa, de qualquer parte do mundo, há a brotação de ideias racionais, que, no fundo, são coerentes e similares com o conteúdo da fé. E o conteúdo da fé se desenvolve na história como um esclarecimento das luzes da razão. Mas, eu também acho que houve influência semita hebraica no surgimento do melhor da cultura egípcia, persa, grega, romana e até na cultura hindu e chinesa, como tentarei demonstrar em outros posts. 

Alexandria tinha grande colônia hebraica e tinha vários discípulos de Aristóteles, especialmente Alexandre Afrodísio. Um deles foi Estratão (340-270 a.C.), tutor do filho de Ptolomeu I.

A Bíblia menciona dois Aristóbulos. O primeiro, mencionado no Segundo livro de “Macabeus” (1,10-2,15). Este, viveu no Egito e teria sido o professor de Ptolomeu VI. Este Aristóbulo seria o autor do livro “Comentário à Lei de Moisés”, onde expõe a tese da ligação da cultura grega com raízes semitas. Este Aristóbulo desenvolveu esta tese, ou outro judeu com este nome. Esta tese influenciou Filon e Flávio Josefo e toda a cultura hebraica. 

O segundo Aristóbulo, referido na Bíblia (por São Paulo, na “Carta aos romanos”, 16,11), seria o neto de Herodes, que se estabeleceu em Roma, tendo uma “casa” (as igrejas domésticas eram a base predileta dos primeiros cristãos, numa linha próxima das CEBs) onde os cristãos se reuniam.