As melhores ideias do anarquismo eram ideias cristãs, como fica claro em Tolstoi. Estas mesmas idéias, no final das contas, eram também as melhores idéias de Bakunin. No livro “Império Knuto-germânico”, ele descreve seu ideal de sociedade justa, resumindo em cinco pontos: 1º.) haveria “disciplina” (organização da sociedade), “mas voluntária e ponderada”, “em perfeita consonância com a liberdade dos indivíduos”, pois esta “disciplina” “permanece e permanecerá sempre necessária, todas as vezes que muitos indivíduos, unidos livremente, empreenderem um trabalho ou uma ação coletiva qualquer”; 2º.) haveria divisão de funções, de “papéis”, que “dividem-se naturalmente segundo as aptidões de cada um, apreciadas e julgadas por toda a coletividade”, “uns dirigem e comandam, outros executam as ordens”, “mas nenhuma função petrifica-se, fixa-se e permanece irrevogavelmente ligado a qualquer pessoa”.
Assim, “o poder funde-se na coletividade, e torna-se a expressão sincera da liberdade de cada um, a realização fiel e séria da vontadede todos; cada um obedecendo apenas porque o chefe do dia só comanda o que a própria pessoa quer”. Há, nestas frases, pilhas de idéias bem cristãs, pois toda verdade, no final das contas, esteja onde estiver, vem de Deus, como lecionou Santo Ambrósio.
Da mesma forma, Malatesca, num artigo com o titulo “Um pouco de teoria”, 1892, escrevia: “é por amor aos homens que somos revolucionários”. E “cremos que este sentimento de amor é o fundamento moral, a alma de nosso programa. É apenas concebendo a revolução como a maior alegria humana, como a liberação e a fraternização dos homens” “que nosso ideal poderá realizar”. Escrevia ainda: “o ódio não produz o amor, e com o ódio não se renova o mundo. A revolução pelo ódio seria um fracasso completo ou, então, engendraria uma nova opressão” (os textos acima, de Bakunin e de Malatesta, foram colhidos no livro de Frank Mintz, “O anarquismo social”, da Ed. Imaginário, ligada à Federação Anarquista do Rio de Janeiro, em 2006, pp. 33 e 50).
O melhor do ideia anarquista é o ideario cooperativista, que é o ideal cristão, que defende cooperativismo.