Pio XII, no discurso no VII Congresso da UCID, em 07.03.1957, ressaltou que a doutrina da Igreja atribui “a todo o povo a tarefa própria” de “ordenar a economia”, os assuntos gerais da sociedade, tendo “o Estado seu papel próprio na ordenação da vida social”, papel que é completado pela participação de todas as pessoas. Pio XII também redigiu duas grandes encíclicas: “Mystici Corporis” e “Divino Aflante Spiritu” (de 30.09.1943), com bons ensinamentos sobre a Bíblia, especialmente alguns textos da “Mystici” (29.06.1943).
Um ponto bem destacado por Pio XII é que as leis, as instituições, as estruturas sociais e estatais e os costumes emanam da sociedade, das luzes naturais da razão. Por isso, em 21.04.1957, Pio XII, na “Fidei donum”, sobre as missões católicas na África, ensinou que “a Igreja”, “em todo o curso de sua história, protegeu o nascimento e desenvolvimento de tantas nações” e “não pode deixar de olhar com a máxima atenção” e apoio “por aqueles povos que vê alcançarem a liberdade política”, na África.
Pio XII exortou “as nações” à “justa liberdade política, que com o tempo vai aumentando”, sendo esta a linha da Providência, do aumento do bem comum no universo e na história. Numa linha cristã, Francisco Pi y Margall, apesar de seu anticlericalismo, ensinou, no livro “As nacionalidades”, que “os povos devem ser senhores de si próprios”. Nesta obra, Pi y Margall elogia a melhor tradição jurídica romana e também dos godos, tradição já em simbiose com o cristianismo e o pensamento helênico e hebraico. Entre os godos, ostrogodos, saxões, gauleses, francos, germanos e outros povos já existiam bons costumes (como reconheceram Tácito e Salviano), boas idéias. O papel do cristianismo foi reconhecer esta boa base natural e depurá-la, aperfeiçoá-la, como fez com os gregos, os egípcios, romanos, africanos, chineses, brasileiros e outros povos.