João Paulo II, na “Carta sobre os 200 anos da morte de Pio VI”, em 25.08.1999, também lembrou que o “lema da França”, “Liberdade, igualdade e fraternidade”, é um lema cristão. Expressa o pensamento da Igreja, tal como a centralidade dos direitos humanos naturais:
“Por outro lado, é preciso mencionar o lugar dado aos direitos do homem [direitos humanos], que recordam que o ser humano é o centro da vida social. Esta exigência legítima não deve fazer esquecer que os direitos do homem se fundam sobre valores morais e espirituais, e que ninguém se pode considerar como o senhor dos seus irmãos.
O Criador é o único senhor do tempo e da história. Graças à lei natural, Ele pôs no coração dos homens o desejo do bem.
O lema da França, Liberdade, igualdade e fraternidade, associa oportunamente aquilo que depende da liberdade individual à necessária atenção para com todos os irmãos, sobretudo os mais pequeninos, os mais débeis, desde a concepção até à morte natural. (…)
Exorto então os católicos a tomarem parte activa na vida do seu país, a nível local, regional e nacional. Como já dizia a Carta a Diogneto, “os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo. A alma encontra-se em todos os membros do corpo, os cristãos estão em todas as cidades do mundo… Tão nobre é o posto que Deus lhes assinalou, que não lhes é possível desertar”. Em colaboração com todos os seus irmãos, eles têm um serviço a prestar ao próprio país e é em conjunto que todos os franceses devem prosseguir nos seus empenhamentos ao serviço do homem, da sociedade e da fraternidade entre todas as pessoas”.
O Cardeal Suenens, no decorrer do Concílio, disse que era necessário “atualizar a Mater et Magistra, tornando-a três vezes mais forte”, especialmente no ponto sobre o supérfluo dos ricos e dos países ricos.
Dom Hélder esforçou-se, com o Cardeal Lercaro, pela edição de uma encíclica específica sobre socialização, mostrando que uma sociedade pautada pelo humanismo cristão combina socialização e personalização, numa boa síntese de democracia participativa, social e popular, com economia mista, boas estatais, planejamento público participativo etc.
No Concílio Vaticano II, como confessou o próprio bispo Marcel Lefebvre, foi vitoriosa a ala dos bispos e cardeais afinados com João XXIII e apoiada por Alceu Amoroso Lima, Dom Hélder e centenas de outros bispos. Esta era e é a maioria da Igreja, fiel à tradição progressista do catolicismo.