A farsa do atentado da rua Tonelero, mentira contra Getúlio Vargas

O professor Adriano Benayon, aponta bem os indícios veementes sobre a farsa da rua toneleros, a trama contra Getúlio Vargas.

“O atentado da rua Tonelero foi apenas um dos últimos movimentos do cheque-mate. Nele foi ferido Carlos Lacerda, e, morto o Major Rubens Vaz, da Aeronáutica, o qual, fora de suas obrigações militares, prestava segurança ao político e jornalista. Lacerda não só criticava o presidente de modo sistemático e virulento, como o caluniava e à sua família. Nada mais interessante, pois, para os objetivos da oligarquia estrangeira que um atentado contra o ruidoso detrator de Vargas, culpando-se gente próxima a este pelo ato criminoso.

Atentemos para alguns detalhes do crime. 1) A arma que teria ferido um dos pés de Carlos Lacerda era um revólver calibre 38. 2) A distância entre o atirador que o portava e os possíveis alvos era de poucos metros. 3) Um pistoleiro profissional, como o recrutado, não teria como errar seu alvo verdadeiro, a saber, o próprio Major Vaz. 4) Se uma bala daquela arma tivesse realmente atingido o jornalista, o pé da pretensa vítima teria sido estraçalhado e não teria sido engessado, nem a “vítima” ter-se-ia recuperado em pouco tempo. 5) O prontuário desapareceu dos registros do hospital. 6) Na proteção a Lacerda revezavam-se oficiais da Aeronáutica, e, no dia do atentado, a escala foi mudada, para que Gustavo Borges, solteiro, fosse substituído por Rubens Vaz, cuja morte suscitaria maior comoção na opinião pública, por ser ele casado e pai de filhos pequenos. 7) O inquérito ficou sob a direção de oficiais da Aeronáutica hostis ao Presidente, os quais formaram rebelião incorretamente consentida pelo governo, instalando a notória “república do Galeão”. 8) Os implicados foram interrogados sob coação e possível administração de droga. 9) Gregório, chefe da guarda pessoal do Presidente, indiciado como mandante, foi assassinado antes do término da pena cominada, com o que deixou de apresentar qualquer versão que não a prestada sob constrangimento. 10) Entre os marginais atuantes no atentado estavam informantes da polícia política (DOPS), dirigida pelo delegado Cecil Bohrer, adepto do nazismo, cooptado, como muitos outros dessa afiliação, por serviços secretos estadunidenses e por companhia transnacional de petróleo.

A literatura costuma omitir isso tudo. Em seu livro “Getúlio Vargas – A Revolução Inacabada”, Bloch Editores 1988, o filho do presidente, Luthero Vargas, anota elementos factuais relevantes, além de incluir depoimentos substanciosos de observadores militares e civis próximos aos eventos. Afora esse, apenas o de Carlos Heitor Cony (“Quem Matou Vargas? – 1954 Uma Tragédia Brasileira”, Bloch Editores 1974) faz aflorar dúvidas quanto aos lugares comuns aceitos, quase sempre, sem questionamento, pela imprensa e pela mídia, e por historiadores, biógrafos e professores universitários”.