Mensagem Francisco I no dia Mundial da Alimentação, 16.10.2015

O texto da Mensagem é dirigido à FAO, órgão da ONU. Vejamos um dos melhores trechos, onde o Papa repete que a violação da justiça distributiva, uma má distribuição dos bens, é uma violência, “gera sempre violência” contra os excluídos, os oprimidos:

“2. A condição das pessoas famintas e subalimentadas evidencia que não é suficiente e não nos podemos contentar com um genérico apelo à cooperação ou ao bem comum. Talvez a pergunta a fazer seja outra: ainda é possível conceber uma sociedade na qual os recursos estão nas mãos de poucos e os menos privilegiados são obrigados a recolher só as migalhas?

A resposta não se pode limitar a bons propósitos, mas consiste antes na «paz social, isto é, a estabilidade e a segurança de uma certa ordem, que não se realiza sem uma atenção particular à justiça distributiva, cuja violação gera sempre violência» (Enc.Laudato si’, 157). Com efeito, para as pessoas e comunidades, a falta de proteção social é um fator negativo em si mesmo e não se pode limitar só às possíveis ameaças à ordem pública, considerando que a desigualdade diz respeito aos elementos fundamentais do bem-estar individual e colectivo, tais como, por exemplo, a saúde, a instrução, a participação nos processos decisórios.

Penso nos mais desfavorecidos, em quantos, por falta de proteção social, sofrem as consequências negativas de uma persistente crise econômica ou de fenômenos relacionados com a corrupção ou a má governação, além de sofrer devido às mudanças climáticas que comprometem a sua segurança alimentar. São pessoas, não números, e pedem o nosso apoio, a fim de poder olhar para o futuro com um mínimo de esperança. Pedem aos Governos e às Instituições internacionais que ajam tempestivamente, fazendo o possível, no que depende da sua responsabilidade.

Considerar os direitos do faminto e acolher as suas aspirações significa antes de tudo uma solidariedade que se traduz em gestos concretos, que requer partilha e não só uma melhor gestão dos riscos sociais e econômicos ou um socorro imediato por ocasião das catástrofes e das crises ambientais. É isto que se pede à FAO, às suas decisões e às iniciativas e programas concretos que se realizam nos vários lugares”.