A boa lição de Ketteler e outras estrelas da Igreja em prol da Democracia Popular

Como explicou Dom Ketteler, na carta a Meglia, Núncio do Vaticano em Munique, em 05.02.1867: “a ordem política, em essência, vem de Deus, ou seja, a necessidade da ordem civil e política para o desenvolvimento das relações humanas” promana de Deus, com base “na natureza humana”. Esta regra é abstrata, “se aplica a todas as formas da ordem civil”. Já “os representantes da autoridade, em troca, não procedem de Deus imediatamente”. As “leis humanas” têm sua legitimidade na adequação à “lei natural”, às regras racionais do bem comum, sendo estas regras o conjunto das ideias práticas consensuais do povo, as ideias do povo. Em toda “ordem civil” (jurídica, política, em cada Estado), deve ser ressaltada “a dignidade da consciência humana”, a “dignidade da humanidade, da natureza moral do ser humano, de não agir jamais contra a consciência, de colocar-se de frente do Estado, do homem de guerra”, se for necessário. O texto transcrito foi colhido do livro de Georges Goyau, “Ketteler” (Madrid, Ed. Saturnino Calleja Fernández, sem data, pp. 291-292).

Os textos sociais e políticos de Ketteler defendiam um regime democrático popular, uma Democracia popular, cooperativo, participativo, na linha de Buchez e outros socialistas democráticos. Esta era a linha da democracia cristã e popular, a linha da Escola de Liège, do padre Antoine Pothier (1849-1923), da União Democrática Cristã de Liège, tal como a linha de Mably, Montesquieu, Galiani, Antônio Genovesi (1713-1769), do bispo Gregório, Georges Goyau, Daniel O´Connell (1775-1847), Buchez, Ozanam, Lacordaire, Montalembert, Dupanloup, Sangnier, Ketteler, Luis Windthorst, Rosmini, César Cantu, Giuseppe Toniolo, Acton, Lacordaire, Concepción Arenal, Hitze, Maritain, Luigi Sturzo, Olgiatti, Otto Schilling, Brucculeri, Della Torre, Cardijn e outros. Sobre o bispo Dupanloup, o próprio Victor Hugo, sexagenário, em 1867, exilado, quis voltar a Paris, por um dia, para votar em Dupanloup, para que este entrasse na Academia de Letras. Victor Hugo morreu cristão, socialista e democrata, deixando bom exemplo para cada pessoa. O próprio Voltaire morreu dentro da Igreja, reconciliando-se com a República divina, que é a Igreja. A linha da Igreja é a grande linha de Sangnier, Lamennais, Maritain e outros.