John Salisbury (1115-1180), grande católico democrático popular

A doutrina social da Igreja sobre o poder público foi bem exposta no “Policraticus”, de John Salisbury (1115-1180), um texto escrito em 1160, em conexão com São Tomás Becket, mesclando o melhor da Paidéia (Sêneca, Cícero e outros autores) com os textos bíblicos, esposando a teoria da translação, um teoria democrática e jusnaturalista, que é a teoria tradicional da Igreja sobre o poder público. Mesmo a teoria da designação, no fundo, tem o mesmo conteúdo da teoria da translação, pois é a mesma teoria jusnaturalista, mas com nuances devido à controvérsias sobre a forma de concurso de Deus (“concursus divinis) nas operações e movimentos da criação. Por esta razão, quando os textos molinistas surgiram, a questão da mediação do povo ficou mais clara, retornando à linha dos Santos Padres.

Deus criou a consciência (a capacidade de gerar idéias, extraídas da realidade e o conjunto destas idéias) para o autogoverno pessoal e social, para que o povo se autogoverne para que cada pessoa obtenha a plenitude e a libertação (cf. Ex 20,2-5), construindo uma civilização fraterna, cooperativa e do trabalho, pautada pelo ideal do bem comum. Deus atua principalmente pela mediação da consciência, em interação com a natureza, com a criação. Assim,na sociedade, “todas as questões” devem ser “resolvidas amigavelmente, com caridade fraterna e mútua”, com “concórdia”, com o diálogo (cf. “Ad Petri Cathedram”, de 29.06.1959, de João XXIII).