A própria Bíblia foi escrita por pessoas humanas, por causas humanas, profundamente embebidas no caldo cultural de suas épocas. Isto fica evidente no caso emblemático de Moisés, que foi educado em toda a ciência do Egito. A inspiração divina não elimina a natureza, como foi bem ensinado por Leão XIII e também por Pio XII, em seus textos sobre a formação da Bíblia. A ação de Deus, gerando a inerrância bíblica, não suprimiu a ação humana, ao contrário, aproveitou cada idéia verdadeira existente no mundo sumério, mesopotâmico, egípcio, fenício-cananeu, assírio, caldeu-babilônico, medo, persa, grego etc.
O documento “Nostra Aetate”, do Vaticano II, ensina que “a Igreja Católica [e o mesmo valia para os hebreus] nada rejeita do que nessas religiões [não-cristãs] existe de verdadeiro” (n. 2). Especialmente com Cristo, como também está neste documento referido, este “reconciliou pela Cruz os judeus e gentios, em ambos fazendo um só” (n. 4). O cristianismo nasceu com raízes na Tradição Hebraica e na Paidéia, a Tradição dos antigos povos.