João Paulo II, no discurso para o Dia Mundial da Paz, em 2001, foi bem feliz ao resumir o núcleo da teologia política cristã e natural, que é o cerne da teologia da libertação:
“O diálogo leva o reconhecimento da diversidade e abre o espírito à aceitação mútua e à autêntica colaboração exigida pela vocação básica de unidade da família humana. Assim, o diálogo é um meio privilegiado para a construção da civilização do amor e da paz, que o meu venerado antecessor, Paulo VI, indicou como o ideal para inspirar a vida cultural, social, política e econômica no nosso tempo”.
A “vida cultural, social, política e econômica” deve ser baseada no “diálogo”. Em outras palavras, o “ideal” histórico da Igreja é uma democracia “cultural, social, política e econômica”, como ensinava o padre Fernando Bastos de Ávila, em seus grandes textos.
No discurso acima referido, João Paulo II destacava que “as diferentes religiões também podem e devem contribuir decisivamente para este processo”, para “servir” a “causa da paz e do bem comum da família humana”, da humanidade.
A razão gera, pelo diálogo e pela interação com a natureza, as idéias práticas para a perfeição da natureza em geral e de nossa natureza em especial. O “bem”, como ensina a Tradição da Igreja, é a realização, a plenitude, a atualização do potencial (do poder) da natureza.
O movimento natural da razão discursiva, dialógica, leva ao bem comum, geral, à realização da natureza, à realização do Plano de Deus, da criação, do Criador. Deus sempre opera e está presente na criação e em nossos seres, de forma imanente (pela onipresença divina) e transcendente. Deus está além do universo, mas também no universo, na criação, na natureza, como ensinou São Paulo, no discurso no Areópago, numa linha bem próxima ao melhor do estoicismo, como já apontava São Paulo, no discurso no Areópago, em Atenas.