Fomos criados para co-controlarmos o universo, nossas vidas, o fluxo da história

A frase de João Paulo II, na “Centesimus”, o “sujeito da autoridade política é o povo” é a premissa basilar ou pedra angular, fundamento primário, do Estado popular, o Estado sob o controle do povo organizado, e não do grande capital privado. Esta premissa é antiga na Igreja e na Paidéia. Está bem clara nos textos de Cícero, dos estóicos e dos grandes juristas romanos. Está, por exemplo, nos textos de Gaio, especialmente nos trechos deste jurista, que muitos consideraram cristão, conservados no livro “Mosaicarum et Romanarum legum Collatio”, onde um escritor tentou demonstrar como o melhor do direito romano, a parte democrática, estava em adequação com as Leis de Moisés. Os textos de Gaio influenciaram também a “Lex Romana Visigotorum”, um marco da organização jurídica dos povos bárbaros. Gaio era jusnaturalista e ensinava que a “lei é o que o povo ordena e estabelece” (cf. “Instituciones”, “Commentarius primus”, n. 2). Em todos os textos de Gaio, o sujeito político é o “Populus”, o “Povo”.

Também é o núcleo (o miolo, o cerne) da concepção política do humanismo hebreu e também da Paidéia. Esta concepção põe a pessoa no centro do mundo, como senhora natural do mundo (cf. Gen 1,26), dado que fomos criados para a liberdade, para a autonomia e para o controle do universo.