A Doutrina da Igreja apoia a libertação das pessoas

Deus atua e governa pela Palavra, pelo Logos, pelo Verbo, pelo Diálogo. A forma de governo divino do universo deve ser a forma humana de governo. Toda organização social, política, econômica, cultura e familiar humana deve ter como base o diálogo.

O movimento normal da pessoa é o diálogo. Vivemos em diálogo com Deus e com o próximo. Toda organização social, política, econômica e cultural deve ser estruturada com base no diálogo, com base em sínteses fecundas das luzes das razões de todas as pessoas.

O Céu é uma Comunhão Fraterna e Participativa, uma Grande Democracia, uma Grande República Participativa, uma República Celestial. Assim deve ser a organização humana, para este esteja ligada ao Céu, à imagem do Céu, unindo o Céu (no fundo, Deus) e o universo.

A doutrina social da Igreja sobre o poder ensina que a luz natural da razão reflete a Luz (Razão, Consciência) divina. Somos feitos à imagem de Deus, para o autogoverno (autodomínio, “engkratéia”, nos termos de São Paulo), pessoal, familiar e social, tal como para o governo do universo (cf. Gn 1,26-28). Esta é a base teológica do ditado “vox Populi, vox Dei” (frase de Alcuíno, um grande teólogo ligado a Carlos Magno).

Fomos feitos para o autogoverno pessoal, familiar e social. Os estóicos ensinaram corretamente este ponto. Os fariseus, que eram “estóicos hebreus” (cf. Flávio Josefo), também ensinaram esta verdade, presente no melhor da Paidéia, especialmente no platonismo médio, no aristotelismo e no pensamento estóico. Por exemplo, Epicteto, como bom estóico, considerava o autodomínio (“engkratéia” ou “enkrateia”) como a base da ética pessoal e social (cf. “Manual”, X). Xenofonte, no livro “Ditos e feitos memoráveis de Sócrates” (IV, V, 1-2), mostra como Sócrates buscava, acima de tudo, o domínio de si mesmo, a “enkrateia”.

O autocontrole pessoal é a base das quatro virtudes cardeais. Toda a ética natural, clássica e cristã tem como finalidade o autocontrole pessoal, familiar e social. O autodomínio, o controle da razão sobre as emoções e os atos práticos etc.