Uma boa lição de George Orwell

George Orwell, o socialista britânico que criticou o capitalismo e os erros do estalinismo, escreveu:

“voltando pelos sonhadores utopistas como William Morris e os democratas místicos como Walt Whitman, passando por Rousseau, pelos Diggers e os utilitários ingleses, pelas revoltas camponesas da Idade Média, até chegar aos primeiros cristãos… oculta-se a crença em que a natureza humana é, para começar, muito decente e capaz de se desenvolver infinitamente. Essa crença tem sido a força motriz do movimento socialista”.

Esta crença na decência da natureza humana, que a maior parte das pessoas é boa, que mesmo pessoas más tem coisas boas e podem se regenerar,  também é a base antropológica da democracia. Orwell foi em parte manipulado pela CIA, mas deixou bons textos, defendendo um socialismo com democracia, com liberdade. Outro grande democrata e socialista foi William Morris (1834-1896), um dos principais fundadores da Liga Socialista (1884), na Inglaterra. Morris deixou obras sobre arte decorativa, o trabalho artesanal e obras como “Notícias de nenhum lugar” (1891, uma utopia), “Amor é suficiente” (1873) e “Um sonho de John Ball” (1888). Morris era teísta, tal como Walt Whitman, outro gigantesco democrata popular.

A bondade essencial da natureza humana é também a base da concepção jusnaturalista e humanista da Igreja. Como ensinou Maritain, a “filosofia” da Igreja é justamente o humanismo, também chamado de “realismo” (cf. Francesco Carnelutti, em “Metodologia do direito”, Campinas, Bookseller, 2000, p. 47). O realismo é a linha de Aristóteles, presente nos textos hebraicos e seguida por Santo Tomás, Maritain e pelos Santos Padres e Doutores da Igreja.