Jesus Cristo e a Bíblia Septuaginta, a Bíblia mais fiel

Cristo nasceu em Belém, possivelmente em 6 a.C. e foi morto, talvez, em 30 d.C. No berço, esteve ligado aos magos, persas, o que mostra a ligação dos hebreus com os persas e como os hebreus influenciaram a cultura persa e vice-versa. Depois, esteve no Egito. Mais tarde, foi viver na Galiléia, em Nazaré (a 38 km de Haifa e perto de outras cidades). A Galiléia era uma região helenizada. Em Sua pregação, esteve em Tiro, na Samaria e nas cidades da Galiléia, além de Jerusalém.Viveu perto de área embebida na cultura grega e fenícia. 

O Concílio de Viena, em 1311, reiterou que Jesus Cristo tem “as duas partes de nossa natureza”, “o corpo humano e a alma intelectual ou racional”, sendo um “verdadeiro homem, sem deixar de ser um verdadeiro Deus” (cf. Denzinger, 480-481). Tendo um corpo e uma alma humanos, esteve inserido no complexo cultural de sua época, especialmente da Galiléia, um complexo onde coexistiam a Tradição hebraica e a Paidéia.

Cristo e os Apóstolos, em geral, tudo indica que usavam textos bíblicos da “Septuaginta”, textos que também foram conservados em Quamrã, provando a difusão da “Septuaginta” mesmo numa comunidade fechada situada no Mar Morto.

A pregação pública de Cristo deve ter durado cerca de dois anos e pouco, até Sua morte, em 30 d.C. Da morte de Cristo até a conclusão do Novo Testamento, houve quase 70 anos, de 30 até 98 d.C., com o Apocalipse. Cristo e os Apóstolos, como mostra o Novo Testamento, citam textos de livros “canônicos” e “deuteronômicos”, tal como livros pseudo-epígrafos, textos que estavam na “Septuaginta”.

Os Apóstolos escolhidos eram hebreus, mas alguns tinham nomes gregos, como André e Filipe. Desde o início, como fica claro com Santo Estevão e com São Paulo, houve a aceitação da tradição cultural da época. Os escritores do “Novo Testamento” são, em geral, gregos, como São Lucas, São Marcos e outros. A história mostra que no fim do período do Segundo Templo, eram comuns os nomes gregos e aramaicos, em conjunção com os nomes hebraicos (cf. constatação da própria “Enciclopédia Judaica”, Rio de Janeiro, Ed. Tradição, 1967, de Cecil Roth, de “M-Z”, p. 920).

Os livros de Alessandro Lima, “O cânon bíblico” (São José dos Campos SP, Ed. ComDeus, 2007) e de Edson de Faria Francisco, “Manual da Bíblia Hebraica” (São Paulo, Ed. Vida Nova, 2003) mostram que das 350 citações do Antigo Testamento, nos textos do Novo Testamento, cerca de 300 são tiradas do texto da “Septuaginta”. A “Septuaginta” foi o livro usado pelos Apóstolos e também pelos Padres Apostólicos e pelos Santos Padres.

A “Septuaginta” foi a tradução do Antigo Testamento para o grego. Esta tradução foi feita de 250 a.C. até cerca de 100 a.C., em Alexandria e em outros lugares. Na “Septuaginta” há os 24 livros da “Bíblia Hebraica” (de acordo como “cânon” fixado em Jamnia, em 90 d.C.) mais outros livros, como quatro livros de “Macabeus”, “Ester”, “Judite”, “Tobias”, “Odes”, O quarto livro de “Esdras”, o “Livro de Henoc”, o “Testamento dos Doze Patriarcas”, a “Assunção de Moisés”, o “Martírio de Isaías” e outros.

Vários exemplares da “Septuaginta” tinham vários dos livros pseudepígrafos. Várias destas obras têm inúmeras idéias platônicas e estóicas. O livro “Assunção de Moisés”, do século I de Cristo, traz a história de Israel até Herodes e prenuncia a era messiânica. Também relata a guerra entre Satanaz e o Arcanjo Miguel pelo corpo de Moisés. Um destes livros é “Os salmos de Salomão”, contendo dezoito poemas atribuídos a Salomão. O livro ataca de forma oblíqua a Pompeu e fala dos anseios messiânicos, demonstrando o ambiente messiânico na Palestina pouco antes do nascimento de Cristo.

A Igreja Ortodoxa Grega declarou a inspiração divina da “Septuaginta”, na linha da “Carta de Aristéias”. Esta era também a opinião de Filon (25 a.C. a 40 d.C.). Flávio Josefo (37-100) ensinava que a “Septuaginta” era uma tradução fiel ao texto hebraico. Tudo indica que a “Septuaginta” foi feita com base num texto em hebraico anterior ao Texto dos massoretas, pois os “Manuscritos do Mar Morto” trouxeram textos hebraicos que concordam com a “Septuaginta” e não com o “Texto Massorético”.

Os três manuscritos mais conhecidos da “Septuaginta” são o “Codex Vaticanus” (do século IV), o “Codex Alexandrinus” (do século V) e o “Codex Sinaiticus” (do século IV). O “Codex Vaticanus” é tido o texto mais antigo. O “Texto Massorético” é tido como do século VI.

Nos “Manuscritos do Mar Morto”, encontrados de 1947 a 1965, há uns 800 manuscritos, dos quais uns 200 são da Bíblia. Há várias partes da “Septuaginta”, especialmente nas cavernas 4,7 e 9. Foram encontrados os manuscritos em aramaico de “Tobias”, sobre a história de Suzana e outros livros, corroborando a antiguidade e a fidelidade da “Septuaginta”. O “Papiro de Nash”, com 24 linhas contendo os Dez Mandamentos, encontrado por Nash no Egito e publicado em 1903, é anterior ao cristianismo e contém texto que confirma a autenticidade da “Septuaginta”. Está escrito em caracteres judaicos quadrados. O texto deste Papiro foi ratificado também por manuscritos de Qumran.

A Igreja Copta, no Egito (uns sete a dez milhões de egípcios, hoje) adotou a “Septuaginta”, com o acréscimo de livros como “Vida de Adão e Eva”, “Esdras IV”, “Martírio de Isaías” e outros. A Igreja Copta da Etiópia adota a “Septuaginta”, acrescida do “Livro de Enoque”, “Jubileus” e “Esdras IV”, “Primeira carta de São Clemente”, “Pastor de Hermas” etc, totalizando 81 livros. A Igreja Armênia adota a “Septuaginta” mais “Testamento dos Doze Patriarcas”, “Esdras IV”, “Oração de Manassés” e outros. A Igreja Anglicana adotou a tradução do rei Tiago, que, na versão original de 1611, tinha os textos deuterocanônicos.

O “Antigo Testamento” menciona 21 livros que são considerados apócrifos. O “Novo Testamento” menciona a “Ascensão de Moisés” e “O livro de Henoc” (cf. Jd 1,9-14). No início da Igreja e nos textos finais do “Antigo Testamento”, o “cânon” não era fechado, sendo boa parte dos textos deuterocanônicos acolhidos no mínimo como parte da “Tradição” oral.

A meu ver, a Bíblia católica é a mais correta, mas eu gostaria muito de ter uma Bíblia copta e outra da Etiópia, e outra da Armênia, pois os textos refletem a Mensagem do bom Deus.