O Padre Oswald von Nell-Breuning, no livro “Reorganização da Economia Social”, n. 250, é o melhor intérprete da “Quadragésimo Anno” (escrita pelo Padre Oswald, quando tinha apenas 40 anos, sendo que apenas os incisos de 90 a 96 foram escrito por Pio XI, como reconheceu o Padre Oswald, quando tinha 80 anos, numa entrevista ao jornal Stimmem der Zeit). O padre Oswald, no livro acima referido, de sua lavra, mostrou as relações entre justiça social, ordenamento jurídico, intervenção estatal e bem comum:
“a justiça social é uma regra orientadora espiritual e intelectual que não atua por si própria, mas é assistida por um poder. Esse poder, segundo Leão XIII e Pio XI, é o Estado. A ordem social e econômica correta é estabelecida pela autoridade suprema da sociedade, que, por sua vez, está presa às exigências da justiça social, da qual retira a sua autoridade lagal para dirigir e regulamentar. Numa comunidade devidamente regulamentada, a justiça social encontra a sua realização natural nas instituições públicas, e atua através das autoridades públicas ou dos seus representantes”.
O texto explicita a tese aceita pela Igreja sobre o domínio eminente da sociedade (destinação universal dos bens, os bens foram feitos para todos), ou seja, a teoria do bem comum, da comunidade, tão aviltada pelo capitalismo. Da mesma forma, deixa claro que o poder deve ser regido pela ética, que, na questão social, praticamente equivale aos direitos fundamentais do povo, especialmente os direitos humanos naturais de caráter econômico e social (as necessidades fundamentais das pessoais, segundo a regra bíblica de “a cada um de acordo com suas necessidades”, exposta duas vezes em Atos dos Apóstolos, de onde Marx tirou esta fórmula, que resumia todo o credo marxista. Marx a tirou da Bíblia, frise-se.