Heródoto – a democracia nasceu na Ásia, e nao na Grécia

Hérodoto defendeu a mesma tese de Dussel: a democracia não nasceu na Grécia, e sim na Ásia, tendo quase sido adotada no Império Persa, como explicou Heródoto, no livro “História”. Segundo Dussel, o processo civilizatório teve como foco a área que fica na junção entre a África e a Ásia, o Oriente Médio, mais precisamente, a região do Crescente Fértil, região que a Bíblia destaca também como base do processo civilizatório e histórico, já que a Bíblia não trata da pré-história.

Heródoto, ao descrever o reino de Sesóstris III (lá por 1878-1841 a.C.), mostra como o Egito foi dividido em trinta e seis “nomos”, regiões administrativas e políticas internas. O Império Egito, como o Persa, e o mesmo vale para os fenícios, admitia a autonomia relativa de cidades e regiões, onde existiam elementos de democracia. Dusseal também mostra como o Egito estava ligado à Palestina, aos Fenícios, à Síria, à Mesopotâmia, à parte da região do rio Ganges, à Bactriana, à Média, à Ásia Menor, às Cyclades e à Trácia. Tudo isso bem antes do florescimento da cultura “grega”.

O termo “nomos” significa prefeitura, governo municipal, leis feitas pelas cidades. Nomos vem da palavra “némein”, de pastar, dividir, da habitação de agricultores e pastores, que organizavam a própria vida comunitária, autogovernando-se. Este termo foi colhido pelos gregos no Egito, pois designava as divisões administrativas do Egito, pequenas cidades parcialmente autonomas. Existiam 40 “nomos” no Alto Egito e 20 “nomos” no Baixo Egito, perto do Mediterrâneo. Eram cidades e vilas que criavam “regras”, “leis”, “nomos” escritas, para o autogoverno. Um “nomógrafo” era o autor de uma coletânea de leis. A palavra “nomotético” significa o processo de fazer leis. O termo “nomoteto” significava “legislador”, como Licurgo, Minos, Zaleucos, Dracon ou Solón. Ou como Moisés, o maior dos legisladores da antiguidade.