João Paulo II, na Mensagem ao Congresso da União Mundial Democrata-Cristã, resumiu bem o núcleo da teoria cristã sobre o poder, que é o bem comum, a cidadania plena, o respeito à dignidade das pessoas, aos direitos naturais humanos políticos, econômicos, civis, culturais etc. A teoria cristã sobre o poder exige uma democracia plena, participava, popular, trabalhista, ampla. Exige uma “democracia” “com a participação moral da sociedade”, “do povo”. O cristianismo exige um regime de respeito aos direitos humanos e naturais das pessoas, especialmente o direito aos bens suficientes para uma vida plena e digna, pois há o princípio mor da destinação universal dos bens, na ética cristã e natural. Deus fez os bens para todos, para todos terem vida digna e plena, abundante.
A teoria ou doutrina social da Igreja sobre o poder é baseada na premissa da pedra-de-toque (a razão de ser) do Estado, baseada na participação ativa de todos no poder, no bem comum, nos direitos humanos naturais. João Paulo II resumiu tudo, na Mensagem acima referida, ao Congresso da União Mundial Democrata-cristã:
“a proteção da vida de cada cidadão, da sua dignidade, dos seus direitos invioláveis, como também a busca do bem comum da sociedade, são as duas pedras-de-toque de um digno exercício do poder.
A democracia exige que este seja desempenhado “com a participação moral da sociedade ou do povo” (cf. encíclica “Redemptor Hominis”, n. 17)”.
O papa Paulo VI, num discurso ao Colégio dos Cardeais, ressaltou, como antes salientara Paulo III, que “os direitos de todos os povos”, especialmente “o direito à autodeterminação e à independência” – liberdade política, ou liberdades públicas – devem ser reconhecidos, protegidos e tutelados pelo Estado. Frisou que este princípio vale tanto para as pessoas naturais, as famílias e as sociedades, o povo.