Arquivos para : A “Fórmula” para a HISTÓRIA. Parte da ETERNIDADE. Fluxo do tempo. Fomos feito p a ETERNIDADE
Hegel, no livro “Filosofia da história”, elogia os fenícios, escrevendo: “os fenícios foram os primeiros que descobriram o Oceano Atlântico o percorreram, navegando. Estabeleceram-se em Chipre, em Tasos, uma ilha muito afastada deles, exploram minas de ouro. Na Espanha, do sul e do sudoeste, exploraram minas de prata. Na África, fundaram as colônias de Utica e de Cartago. Desde Cades, navegaram muito longe, até mais além das costas africanas e, segundo eles, até haveriam bordeado toda a África. Foram às Ilhas Britânicas, para buscar o estanho. Foram ao Báltico, buscar o âmbar da Prússia”.
Hegel, Volney e Voltaire elogiaram os fenícios. Voltaire os comparava aos venezianos e aos holandeses. Herder elogiara a constituição política republicana dos fenícios.
Sodré, no artigo “Os três catolicismos”, publicado no jornal “Opinião” (Rio, 18.10.1974), elogia o livro “Formação do catolicismo brasileiro, 1500-1800”, uma obra de Eduardo Hoonaert. O elogio era principalmente para o fato de Hoonaert destacar o sincretismo ou ecletismo como a marca do catolicismo.
Lembro que, nos séculos XVIII e XIX, em Portugal e no Brasil, a filosofia “oficial” (nos termos de Tobias Barreto) era o ecletismo.
Hoonaert mostra que a difusão do catolicismo ocorreu principalmente entre os leigos pobres, sem padres, entre as pessoas mais pobres, que adotavam saudável ecletismo.
A cidade de Sardes, a capital da Lídia, foi conquistada por Ciro, rei da Pérsia, em 549 a.C.
A Lídia e os Medos eram aliados. Ciro era de uma família oriunda dos Medos e da linhagem elamita, semita.
O Elam era uma região a leste de Babilônia. A Bíblia menciona Elam desde o início, em Gn 14,1-11, ao falar de Abraão. A região do rio Jordão pagava tributos ao rei Codorlaomor, rei dos elamitas, um povo semita.
O nome de “Elam” significa “alto”, em referência a “El”, que é o nome usado pelos semitas e pela Bíblia para designar Deus. A palavra grega Elymais conservou esta raiz semita. Os elamitas são considerados semitas pela Bíblia (cf. Gn 10,22 e I Cr 1,17). Os elamitas uniram-se aos medos para tentar vencer os babilônicos (cf. Js 21,2). Há referências aos elamitas em Jeremias (Jr 49,34-39) e em Ezequiel (Ez 32,24-25).
Ciro II transformou a capital do Elam, Susa, em residência real (cf. Daniel 8,2).
Susa foi a cidade onde atuou Ester, como fica claro no livro “Ester”, na Bíblia. Ester conseguiu que Mardoqueu fosse elevado ao cargo de Primeiro Ministro da Pérsia, o que mostra bem a influência hebraica-semita no coração do império persa.
Os elamitas lutaram ao lado dos assírios (cf. Is 11,11; 21,2; e Ez 32,24). Parte dos elamitas foi viver em Canaã (cf. Esdras 2,7; 4,9 e 8,7; e Ne 7,12; e 10,14).
O Novo Testamento, ao tratar do Pentecostes, menciona os elamitas (cf. At 2,9), deixando clara a relação dos elamitas com a cultura semita-hebraica.
A Bíblia ensina que Elam foi o primogênito de Sem (cf. Gn 10,22).
Ciro libertou os hebreus do cativeiro da Babilônia e estava em amplo contato com as tradições semitas e hebraicas.
A cidade de Ecbátana era a capital da Média, sendo mencionada na Bíblia como Hazmeta. Ecbátana era a capital da Média e foi, depois, a residência de verão dos reis persas (cf. Esdras 6,2). Ecbátana foi fundada pelo rei Arfaxad (cf. Judite 1,1-3). Em Ecbátana, residia Raquel, que foi procurada por Tobias (cf. Tb 3,7; 6,7), como é bem descrito no livro “Tobias”, na Bíblia.
A Bíblia menciona Ecbátana também em 2 Mc 9,3. Foi nos arquivos de Ecbátana, que o rei Dario encontrou o decreto de Ciro II, sobre a reconstrução de Jerusalém.
Em 550 a.C., Ciro II tomou Ecbátana, a capital dos Medos, apoderando-se do trono dos Medos, que foi a base do Império Persa. Neemias chama Ecbátana de “birá”, fortaleza. Ecbátana é, hoje, denominada de Hamadã, capital da Média.
Heródoto diz que a tese da “pureza” da cultura grega é uma “rematada tolice”. Explica que existiam nas doze cidades jônias “uma parcela significativa de Abantes de Eubéia”, tal como de “Cádmios” (fenícios, semitas), “Dríopes, dissidentes Fócios, Molossos, Pelasgos da Arcádia, Dórios de Epidauro e tantos outros povos”.
Heródoto, Pausânias e Estrabão (64 a.C. a 19 d.C.) constataram a mistura de povos, com grandes influências orientais, semitas.
Foi na Jônia, na Ásia, que a filosofia começou e esta área sempre esteve ligada aos semitas, como pode ser visto na história de Sardes, na adoção pelos gregos do alfabeto fenício-semita e mesmo na cunhagem de moedas etc. Mais tarde, com o estoicismo, filosofia nascida sob amplo influxo fenício, a influência semita aumenta. Boa parte da Paideia tem origem e matriz semita, ponto que é explicado pelo difucionismo. Isso explica a razão da Igreja ter adotada a Paideia, pela origem semita de boa parte da Paideia e pela coincidência de conteúdos gerada pela luz natural da razão.
O aramaico (também chamado de caldaico, caldeu) era praticamente a língua oficial do império sumério, dos assírios (a Síria, hoje, era chamada de “Aram”, antigamente, povoada por arameus, sendo Aram um dos descendentes próximos de Noé), do império medo e babilônico e do império persa, continuando no império Parto, espalhando-se pela Índia, pelo brahmi.
O aramaico é praticamente igual à língua fenícia e ao hebraico (o árabe é outra língua semita, próximo do arameu, do fenício, do acádio e do hebraico).
O alfabeto grego vem do alfabeto fenício, pois as colônias fenícias tiveram ampla influência na Grécia, através das cidades de Tebas na Grécia, de Cartago e também das colônias fenícias em Creta, Chipre e outros países da Europa (Marselha e outras cidades da Espanha etc) e da África (Cartago e outras).
Os hebreus tinham amplos contatos com os fenícios (basta ver a construção do Templo, usando engenheiros de Hiram, de Tiro, a principal cidade fenícia), tal como com os persas.
No mundo da Ásia Menor, a principal língua era o aramaico, que era a língua falada por Cristo e pelos Apóstolos e por quase todos os hebreus daquele tempo. O aramaico é uma língua irmã do hebraico e do fenício, sendo as três bem próximas e com alfabetos praticamente iguais (o mesmo ocorre com o acádio e com o árabe).
O alfabeto grego vem do alfabeto fenício, graças a Cadmo, de origem fenícia, que deu aos gregos o alfabeto, o que, só por isso, atesta a influência fenícia, aramaica e hebraica na filosofia grega. Segundo a Bíblia, em “Gênesis” ( 10,22), Aram e os Hebreus tinham antepassados comuns, pois os Patriarcas hebreus eram de origem aramaica.
Abraão era um “arameu” e também os antepassados de Abraão, como Serug, Nahor, Terah e outros, da “Aram-Naharaim” (“Aram dos dois rios”, no noroeste da Mesopotâmia).
Os arameus ou povo de Aram eram também semitas (os assírios eram semitas etc). Assim, a língua aramaica, também co-irmã da língua fenícia, difundiu-se por toda a Ásia Menor, de formação semita. O estoicismo desenvolveu-se em ambiente semita, com intensa influência hebraica.
Os arameus semitas foram, mais tarde, chamados de “caldeus” e influenciaram a Grécia e toda a região da Ásia Menor (tal como a Itália, a Sicília e outras áreas sob influência fenícia, inclusive via Cartago, colônia fenícia). Esta influência, tal como a influência egípcia, foi constatada por Heródoto e outros historiadores.
O termo “caldeus” foi aplicado à civilização aramaica-suméria, de forma imprópria, gerando dupla acepção na palavra caldeu (o termo é posterior), mas significa sempre “povos semitas”. A expressão “língua dos caldeus” é imprópria, pois o correto é chamar de “aramaico”, língua co-irmã do hebraico e do fenício.
O aramaico é uma língua ainda falada em cidades da Síria, Iraque, Turquia, Pérsia e até Rússia, tal como em Israel. O aramaico é a língua mais próxima do hebraico e era a língua internacional da região, sendo a língua oficial dos assírios e dos persas, com inscrições no Egito, na Índia e em toda a Ásia Menor.
Os hebreus, desde Ciro ou antes, falavam praticamente apenas o aramaico e isso só foi mudar com a criação do Estado de Israel, em 1948, quando o hebraico foi ressuscitado. O aramaico é a língua do Talmud, do Zohar, da liturgia hebraica e dos poetas hebreus. Como ficou claro no filme “Paixão”, de Mel Gibson, o próprio Jesus falava em aramaico. Num parêntese, o Vaticano apreciou parte do filme de Gibson, tal como, antes, difundiu o filme “As sandálias do pescador”, com Anthony Quinn.
O aramaico espalhou-se inclusive entre os uigures e, daí, para a China.
Nas áreas da Ásia Menor, ligadas à Pérsia, nasceu boa parte da filosofia “grega”, especialmente na parte que diz respeito à ética. Estas cidades da Ásia Menor tinham colônias fenícias e judaicas e foram amplamente visitadas por São Paulo.
Foram as cidades-suportes, por onde o cristianismo difundiu-se, desde o Pentecostes, especialmente através dos judeus “libertos”. Estes tinham cultura hebraica e grega, dando continuidade à síntese do judaísmo com o melhor da Paidéia, síntese humana, a parte humana do cristianismo, que já ocorria antes, como foi constatado por Filon e Flávio Josefo.
A Bíblia tem como a primeira grande fonte (possivelmente graças a Abraão de Ur) elementos da civilização suméria-elamita-babilônica, da região de Babilônica, especialmente de “Ur dos caldeus” (cf. Gen 11,28), que é a cidade natal de Abraão (cf. Gen 15,7, Esdras 9, 7 e At 8,4).
O amor da Igreja ao “tesouro” de idéias das “civilizações e culturas já desaparecidas” vem do fato da Igreja saber que Deus sempre operou na história humana. Este ponto foi atestado por João Paulo, na encíclica “Fides et ratio” (1998), onde escreve:
“16. Quão profunda seja a ligação entre o conhecimento da fé e o da razão, já a Sagrada Escritura no-lo indica com elementos de uma clareza surpreendente. Comprovam-no, sobretudo, os Livros Sapienciais. O que impressiona na leitura, feita sem preconceitos, dessas páginas da Sagrada Escritura é o fato de estes textos conterem não apenas a fé de Israel, mas também o tesouro de civilizações e culturas já desaparecidas. Como se de um desígnio particular se tratasse, o Egito e a Mesopotâmia fazem ouvir novamente a sua voz, e alguns traços comuns das culturas do Antigo Oriente ressurgem nestas páginas ricas de intuições singularmente profundas”.
A Mesopotâmia é a região onde se desenvolveu a civilização sumério-elamita-mesopotâmica.
A Bíblia traz, em suas entranhas naturais, milhares de idéias já presentes nas culturas (interligadas) egípcia e suméria-mesopotâmica.
Nesta área, a língua mais usada era o aramaico, a língua de Harã, cidade onde esteve Abraão, tal como também de Ur, terra natal de Abraão.
O livro de Ricardo C. Salles, “O legado de Babel” (Rio, Ed. Opera Nostra, 1994, com prefácio de Antonio Houaiss, p. 120), trata das línguas turcomanas, que mostram a influência cultural semita através da China, pela Rota da Seda.
Na página 120, Ricardo Salles trata dos uigures, povo que permeia a área entre o Turquestão e a China. Os uigures seguiam o maniqueísmo, no fundo, uma síntese entre cristianismo, zoroastrismo (mazdeísmo, mitraísmo) e budismo. A escrita uigure, o alfabeto uigure, tem base no alfabeto aramaico (irmão do alfabeto fenício e hebraico), que “lhes foi transmitido pelos sogdianos, povo indo-europeu, de origem irânica oriental e cujo idioma era, desde os primeiros séculos da era cristã, língua veicular em toda a Rota da Seda. A escrita uigure é, inclusive, a base da escrita mongólica tradicional. Os uigures são tidos como os precursores da imprensa, arte que transmitiram aos mongóis, que, no século XIV, a introduziram na Europa”.
As línguas turcomanas tem “origem altaica”, línguas faladas na Turquia, em Chipre, em várias partes da Federação Russa, na China (Sinkiang) e na Mongólia ocidental. Estas línguas estão ligadas aos hunos, aos mongóis. No fundo, estas línguas, que ligam o Irã (Pérsia antiga) a Turquia, ao Mar Negro, ligam também, fazendo um duto cultural, com a China, a Mongólia, o Tibet etc. Por esta via, muitas ideias semitas atingiram a China, influenciaram o budismo, o hinduísmo, o taoísmo etc.