Buchez, Rodbertus, Lassalle, Keteller, Louis Blanc, Adolf Wagner e o Socialista de cátedra, correntes próximas da Igreja

O socialismo nasceu de fontes religiosas. Nasceu, lá por 1830 e poucos, antes de Marx, baseado em socialistas de fundo religioso, como Saint Simon, Owen, Fourier, o babovismo (as ideias do padre Morelly e do padre Mably, que Babeuf e Buonarrotti difundiram) e outras.

Outro grande expoente foi Buchez, a quem Marx chamava de chefe do “partido socialista católico”.

Buchez inspirou Louis Blanc e Lassalle (como Marx apontou, na Crítica ao Programa de Gotha). Lassalle era bem próximo da Igreja Católica.

Lassalle manteve correspondência pública com o Bispo católico Ketteler.

Ketteler escreveu um livrinho, mostrando que as linhas do socialismo de Lassalle não tinham nada contra o Catolicismo, sendo possível um católico participar do Partido de Lassalle, criado, na Alemanha, antes do Partido de Marx (houve a fusão, depois).

Lassalle também tinha sólidas ligações com Karl Rodbertus, que escreveu obras sobre socialismo, antes de Marx, obra de 1842. No Brasil, deveriam ser editadas obras como “Cartas de Lassalle a Rodbertus” (Berlim, 1878, com introdução de Adolf Wagner).

Outro livro essencial de Lassalle é a “Teoria sistemática dos Direitos Adquiridos”, onde Lassalle mostra que a evolução histórica consiste numa progressiva restrição dos direitos de propriedade, restrição que, dentro de cem a duzentos anos, levaria a uma sociedade socialista, com usufrutuários (proprietários com função social) gerindo os bens produtivos. Estas ideias são basicamente as ideias da Igreja, de função social inerente a propriedade, de uma propriedade submissa a soberania nacional popular, praticamente usufrutuária. 

É a mesma base de Karl Rodbertus, socialista de fundo religioso, que foi inclusive Ministro de Estado da Religião, dos Cultos.

Lassalle ataca as cooperativas (de crédito e de consumo) de Schulze Delitzisch, que rejeitavam a intervenção do Estado, e defendia a ideia de Buchez, de criação de cooperativas de produção, pelos próprios trabalhadores, com a ajuda do Estado.

Lassalle defendia as ideias políticas de Hegel, Rodbertus e Fichte, de um socialismo estatal democrático. Primeiro, houve o Partido de Lassalle, depois o de Marx. Os dois partidos se fundiram em 1875, após a morte de Lassalle.

Esta fusão ocorreu no Congresso de Gotha, que gerou um programa principalmente ligado a Lassalle e a Buchez, criticado no livro “Crítica ao programa de Gotha”, de Marx. O “Programa de Gotha” só foi substituído em 1891, pelo “Programa de Erfurt”, no Congresso de Erfurt, que gerou uma cisão, com Wollmar e outros, apoiando a difusão da pequena propriedade rural. Bebel e Liebknecht ficaram neutros, até 1898. 

Em 1863, Lassalle atacava o Partido Liberal prussiano, também atacado pela Igreja, pelo Partido do Centro, ligado a Igreja. Obras como “A quintessência do socialismo” (1875), de A. Schaeffle, mostram este conjunto de ideias, que foram clarificadas por Adolf Wagner.

Wagner era pessoa religiosa e sempre foi apreciado pelos grandes teóricos da Doutrina Social da Igreja, como Huet (“O reino social do cristianismo”), Ahrens, Pesch, Liberatore (defensor da economia mista), Albert de Mun, Vogelsang, Franz Hitze, padre Charles Antoine, a Escola de Liège e outros.

Outros grandes católicos foram o Cônego Pottier, Hellepute, Arturo Verhaegen, Monsenhor de Harlez, o grande TONIOLO, Georges Goyau (“Sobre o catolicismo social”), o Abade Six e sua revista “Democratie Chrétienne”), o Abade Lemire, o Cardeal Manning, o Abade Naudet (“Propriedade, capital e trabalho”) e outros.

Este apreço e respeito ocorre pelo conteúdo comum entre as melhores ideias de Adolf Wagner e dos grandes Teóricos da Doutrina social da Igreja. Ideias de uma Civilização do Trabalho. 

Ideias defendidas por autores católicos como Lamennais, Ozanam, Lacordaire, Blome, Belcredi, Thun, Depauli, Zalinger, Falkenstein, o Príncipe de Liechtenstein e outros, para superar o regime assalariado.