Hans Kung e a “fórmula” da ECONOMIA MISTA, com amplo Estado social protetor do trabalho, E DEMOCRACIA POPULAR PARTICIPATIVA

O padre HANS KUNG nasceu em 1928. Tem, hoje, 90 anos. Foi ordenado padre em 1954, é um GRANDE TEÓLOGO CATÓLICO SUIÇO, com quem concordo em vários pontos, discordando em pouco. 

O padre Hans Kung escreveu ótimos textos, mas errou em entrar em choques com o Vaticano. Mas, nos textos de Hans Kung, há muita coisa boa, totalmente em consonância com o Vaticano. Teve bom encontro com Bento XVI, em 2005, jantando com o Papa. 

A parte BOA (trigo, em consenso pleno com o Vaticano) mesmo dos textos do padre Kung é o ideal de uma boa economia mista (parte estatal, e parte com milhões de micro, pequenos e médias empresas familiares), com amplo Estado social (leis trabalhistas, previdenciárias, impostos negativos p pobres e impostos altos para ricos, planificação, bancos públicos etc) e tudo isso com ampla DEMOCRACIA POPULAR PARTICIPATIVA.

O padre e teólogo Hans Kung também soube expor e formular várias ótimas ideias para reforma da Igreja (ordenar homens casados e mulheres para o Clero, escolha de bispos pelos “Sínodos”-CNBs nacionais etc), ambientalismo, busca por um Estado mundial, uma ética mundial etc. 

No livro de Hans Kung, “Uma ética mundial para a economia e a política” (Madrid, Ed. Trotta, 1999), Kung examina a história da Economia Política. Kung ataca duramente o paleo-liberalismo e o neoliberalismo, como as ideologias do capitalismo.

Kung rejeita a ideia de estatizar tudo e o capitalismo. Quer um modelo misto.

Kung quer uma economia mista, uma economia socialista de mercado, mista, com estatais etc, o modelo da Noruega, Dinamarca, Suécia, com pitadas dos modelos da Alemanha, Itália, Bélgica etc.

Kung ataca o paleo-liberalismo, ultraliberalismo (Carl Menger etc) ou capitalismo puro (Escola de Manchester), tal como ataca o NEOLIBERALISMO, a versão moderna da ideologia do capital.

Kung ataca Ludwig von Mises (1881-1973),  Friedrich August von Hayek (1899-1992), Milton Friedman (n. 1912), Thatcher, Reagan, Pinochet e outros defensores do “mercado puro”, ausência total de intervenção estatal, de estatais, de leis sociais, de leis trabalhistas, de leis ambientais etc.

Kung ataca a “reagonomics” de Reagn, a “Voodoo Economics”, mostra que a Inglaterra pós Thatcher tornou-se o pais europeu com mais desigualdade social, com ESCANDALOS terríveis na City de Londres, com seus 520 bancos e 170 empresas de Seguros de 75 países.

A City de Londres é a matriz de Wall Stret, em Nova Iorque. A City e Wall Stret são a base dos GRANDES OLIPÓLIOS financeiros que destroem o mundo.

O padre Kung ataca principalmente o Partido Republicano dos EUA e o Partido Conservador do Reino Unido, detestando os governos de Ronald Reagan (1981-1989), George Bush (1989-1993) e do filho de Bush, mais tarde. Kung ataca Newt Gingrich, o porta voz da maioria republicana, a origem do Tea Party, nos EUA.

Kung lembra que a ideia de estatizar tudo não foi aplicada em lugar algum, mesmo na URSS existia era economia mista, com controles centralizados, burocráticos, planejamento despótico, não participativo.

Kung elogia o New Deal, Franklin Roosevelt, os partidos Socialistas democráticos, especialmente do Norte da Europa (escandinavos) e o Partido Trabalhista inglês. Elogia o modelo escandinavo. Modelos de economia mista, de socialismo democrático, de trabalhismo.

Friso que o velho Hans Kung, infelizmente, como apontava o padre Dussel, não entendia da América Latina, da África e da Ásia, era muito euro-centrista, Há o lado bom de apontar o melhor da Europa como exemplos, mas há a falta de referência às experiências do Terceiro e Quarto Mundo.

Kung elogia o Partido Democrático Social da Alemanha (SPD), a própria Ala esquerda do CDU da Alemanha (Ala esquerda da Democracia Cristã, na Alemanha), elogia inclusive pontos de Konrad Adenauer. Faz grandes elogios aos governos socialistas moderados de Willy Brandt e Helmut Schmidt (1969-1982), na Alemanha. Elogia os governos trabalhistas na Inglaterra.

Kung elogia os governos de Tage Erlander (1946-1969) e de Olof Palme (1969-1976 e 1982-1986), na Suécia, o modelo de Estado amplo do bem estar social, economia mista, o mesmo modelo existente, em menor escala, na Alemanha, França, Itália e outros países europeus menores. Elogia os modelos da Noruega, Dinamarca e Suécia.

Kung faz altos elogios a FRANZ OPPENHEIMER, um grande judeu, socialista democrático, cooperativista.

Kung defende a “VIA MÉDIA”, um modelo misto, com o melhor da economia de mercado (milhões de micros e pequenos produtores) e o melhor da intervenção ampla estatal (estatais, planejamento, proteção ampla do trabalho e da pessoa, pelo Estado etc).

Kung também elogia Eucken, Alfred Muller-Armack, Alexander Rustow, Wilhelm Ropke, até Ludwig Erhard (economia social de mercado, próxima da economia socialista de mercado chinesa).

Kung elogia John Maynard Keynes (1883-1946) e os keynesianos Paul A. Samuelson e J. R. Hicks. Elogia mais ainda John Kenneth Galbraith.  Outro autor elogiado por Kung foi o economista húngaro KARL POLANYI (1886-1964), autor do livro “A grande transformação” (1944).

Kung elogia J. Rawls, J. Habermas, Karl Otto Apel, M. Walzer, H. Jonas, O. Hoffe, peter Ulrich, Ingomar Hauchler, Warren R. Copeland, J. Philip Wogaman, Richard Falk e outros autores especializados em ética mundial, para DESARMAR O MUNDO, obter a PAZ mundial, superar o imperialismo, proteger o meio ambiente, obter um GOVERNO DEMOCRÁTICO MUNDIAL etc.

Tal como faz altos elogios a grandes especialistas em Doutrina Social da Igreja, como os padres Heinrich Pesch, Oswald von Nell-Breuning, Gustav Grundlach S.J, A. Wetter, Pieper e outros. Elogia também Martita Johr, W. A. Johr, P. Ulrich,  e mesmo o ex-padre H. D. Assmann.

Elogia Alcide de Gasperi, Charles de Gaulle, Konrad Adenauer, Robert Schuman, Jean Monnet, o ex vice presidente Al Gore (ideias de um novo Plano Marshall, e proteção ambiental) etc.