A Grande Linha da DEMOCRACIA POPULAR, na política, na economia, na cultura, na Igreja etc

A linha de São Tomás Morus é a linha do socialismo católico. 

É a mesma linha da teologia política (idéias políticas) do cristianismo, presente na consciência, nos atos e nos textos de milhões de atores sociais e foi bem exposta por autores como: o padre Vieira, OS GRANDES JESUÍTAS QUE TENTARAM CONSTRUIR A REPÚBLICA DOS GUARANIS E DE OUTROS ÍNDIOS, por Frei Junípero (Miguel José Serra, 1712-1784, fundador de várias missões na Califórnia), Tiradentes, o padre Antônio Pereira de Sousa Caldas (1762-1814, autor de “Ode ao homem selvagem”), o padre Miguel Hidalgo (libertador do México, tendo gritado: “Viva a Virgem de Guadalupe! Morte ao mau governo!”), o padre José Maria Morelos (1765-1815, continuador de Hidalgo) e outros.

Foi a linha católica de Artigas, José Bonifácio, Bolívar, o padre Januário da Cunha Barbosa, o padre João Ribeiro (da Revolução dos Frades, de 1817), Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo e Caneca (1779-1825), o padre Roma, o padre Feijó, Antônio Pedro de Figueiredo, o cônego José Antônio Marinho, Zacarias de Góes e Vasconcelos, Dom Vital, Dom Antônio Macedo Costa, Cândido Mendes de Mendes e Castro Alves.

As idéias cristãs e racionais sobre o poder e a difusão de bens também estão presentes nos textos e na prática de homens como o padre José Antônio de Maria Ibiapina, Inácio da Cunha Galvão, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Antônio Felício dos Santos, Eduardo Prado, Joaquim Ignácio Tosta (1856-1919), João Alfredo Correia de Oliveira, Altino Arantes, Rui Barbosa, Brasílio Machado, Afonso Celso, Carlos de Laet (1847-1927), Paes Leme, Miguel Couto, Lacerda de Almeida, Joaquim Furtado de Menezes, Ponciano de Oliveira e o padre Cícero Romão Batista (vale à pena a leitura do discurso belíssimo do Senador Inácio Arruda, do PCdoB, em homenagem ao padre Cícero, em 06.06.2001).

Há a mesma linha nos textos do padre Antônio Maria de Moura, que lecionava “Análise da Constituição”, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, no século XIX.

A linha democrática foi bem destacada nos textos imorredouros do padre Júlio Maria de Morais Carneiro (1850-1916) e estão em vários grandes políticos republicanos.

O ideal da democracia social não-capitalista está também nos textos de Domingos Velasco, San Thiago Dantas, Alceu Amoroso Lima, Pontes de Miranda, San Thiago Dantas, Barbosa Lima Sobrinho, Paulo Freire, Plínio de Arruda Sampaio, Frei Betto, Edgard de Godoi da Mata Machado (vide “O cristão e a cidade”), Paulo de Tarso dos Santos, Ariano Suassuna, José Geraldo Bezerra de Menezes (católico e jurista) e em outros milhares de personagens e escritores.

As idéias principais do ideário político cristão estão difusas na consciência de milhões e o trabalho de catequese e de evangelização visa apenas aprofundar e clarificar estas idéias já presentes, de forma confusa.

O padre Júlio Maria, em suas próprias palavras, seguia o exemplo de Ketteler, do Cardeal Manning e do Cardeal Newman, na Inglaterra; do Cardeal Lavigerie na França; do cardeal Gibbons e do bispo Ireland, nos EUA.

Como ensinava o Cardeal Gibbons, “o clero” deve ser “o amigo do povo”, “não deve ficar indiferente a nenhuma das questões sociais, políticas ou econômicas que dizem respeito ao interesse e prosperidade da nação; podendo e devendo tratar de todos, porque o padre é um reformador social”.

Como explicou o padre Júlio, esta era a linha de Leão XIII, “unir a Igreja e o povo”.

A teologia política, natural e cristã, também está na letra de nossas melhores músicas (padre Zezinho, Renato Russo, Milton Nascimento, Cazuza, Gil, mesmo as músicas de amor de Roberto Carlos e outras), no folclore, na língua viva do povo, em nossas melhores obras literárias.

Está nos romances nos versos de Gregório de Matos, nos sermões de Vieira, nos romances de José de Alencar (1829-1877), de Lima Barreto, na poesia de Cora e de Adélia Prado, nas poesias de Castro Alves, estando inclusive nos romances sociais de Jorge Amado, Oswald de Andrade, Pagu e outros.

Há a mesma presença nos textos de autores como: Charles Dickens, Victor Hugo, Isabel Gaskell (1810-1865), Leon Tolstoi (1828-1910), Jean Ziegler, Norman Mattoon Thomas (1884-1968, socialista cristão estadunidense), Noam Chomsky, Norman Mailer, Gabriela Mistral e milhares e milhares de autores.

A difusão da concepção cristã sobre o poder atingiu o mundo todo. Por exemplo, Frederico Kristian Sibberns (1789-1872), dinamarquês, foi professor em Copenhage. Escreveu obras como “Da natureza espiritual do homem” (1819) e defendeu o sufrágio universal. Em “Notas tiradas de um escrito do ano de 2.153) (1862), defendeu um tipo de socialismo cristão.

Na Rússia, Vladimir Soloviev (1853-1900), filho de Sérgio Soloviev (1820-1879, autor de “História da Rússia”, em 29 volumes), escreveu “O direito e a moral” e “A justificação do bem”, com teses semelhantes.