O Brasil sempre teve uma parte do Clero ligada ao povo, a melhor parte do Clero

Dilermando Ramos Vieira, no livro “História do catolicismo no Brasil” (vol. 2, 1889-1945, Aparecida SP, Ed. Santuário, 2016, p. 239), mostra que a maior parte do Clero do Brasil sempre foi POPULAR-DEMOCRÁTICO E NACIONAL.

Por exemplo, no Levante da ANL, em 1935, a orientação de Prestes para o Nordeste era não atacar os padres “como tais”, sendo preciso “uma linha cuidadosa”,

“será preciso diferenciar, porque uma série de pequenos padres locais se manifesta pela ANL e muitos têm forte influência sobre a população religiosa e atrasada”.

Por isso, dentre os poucos Parlamentares presos, em 1935, um deles era DOMINGOS VELASCO, deputado católico, negro e socialista, de GO.

E outro era João Mangabeira, socialista cristão, cujo filho, Francisco Mangabeira, foi um dos expoentes do catolicismo socialista.

A parte do “clero pobre” seria aliada, pelos documentos apreendidos na casa da Rua Barão da Torre, em Ipanema, onde Prestes mantinha seus arquivos (que não foram destruídos por causa de Paul Gruber, infiltrado do Serviço Secreto inglês na Internacional).

O próprio Otávio Brandão, na correspondência internacional para a URSS, distingue entre a parte do Clero com “fartos haveres” da parte, maior, pobre.

Otávio Brandão, que era defensor de uma aliança vital entre proletariado e pequena burguesia e campesinato (micros e pequenos produtores, que a Igreja também defende, como mostrarei em várias postagens), acrescentava:

“Pelo contrário, há no Brasil uma camada de padres paupérrimos, que conservam uma TRADIÇÃO POPULAR-NACIONAL, DEMOCRÁTICA e mesmo REVOLUCIONÁRIA” .