A VIA MÉDIA, de um socialismo democrático com milhões de micros e pequenos produtores e trabalhadores associados

Sempre existiu uma VIA MÉDIA entre liberalismo individualista capitalista e “coletivismo” estatal (estatização de tudo, num molde militar).

Esta via média, ECONOMIA MISTA, foi basicamente a linha da doutrina social da Igreja. 

Uma linha de uma sociedade com IGUALDADE SOCIAL, sem miséria e sem grandes fortunas privadas. Com um grande Estado social protetor dos trabalhadores, com intervenção para regular o uso dos bens, fazer planos a longo prazo de desenvolvimento, estatais, obras públicas, leis sociais, direitos sociais e trabalhistas etc.

Uma linha que erradicaria a miséria, difundindo bens entre o povo, para erradicar a miséria.

Um Estado que daria ampla proteção ao trabalhador braçal (ampla legislação trabalhista, transformando as unidades produtivas em cooperativas basicamente).

Ao mesmo tempo, daria proteção a todo micro e pequeno produtor (artesãos, escritores, cientistas, pequenos industriais, pequenos comerciantes, pequena burguesia, CAMPONESES etc).

Uma linha que não aceita o grande capital privado (trustes e cartéis, Oligopólios) e o latifúndio. Ou seja, uma linha que NÃO ACEITA A GRANDE PROPRIEDADE PRIVADA, o grande capital privado, a concentração de bens e poder (controle do Estado) em poucas mãos.

Os bens e o poder (a estrutura estatal) devem ser ESPALHADOS, para todos, DEMOCRACIA ECONÔMICA. 

Esta linha está clara mesmo nos textos anti-capitalistas e anti-livre cambismo de Adam Muller, autor que Marx leu, bem jovem. Está em Franz von Baader, depois reaparece na linha de economistas como W.G.F. Roscher (1817-1897), em vários livros muito importantes para a história da análise econômica, elogiados no livro “História da Análise econômica” (Editora Fundo de Cultura, Rio de Janeiro, 1964, Parte III, p. 184).

No fundo, é a linha dos socialistas pré-marxistas.

É a linha dos socialistas pequenos burgueses, como Sismondi.

Também é a linha dos socialistas pequenos burgueses ricardianos, que queriam cooperativas.

É a linha de Saint Simon, do sansimonismo. A linha de Fourier e do fourierismo. A linha dos textos cooperativistas de Owen. E estes três autores tinha religiosidade, ponto que vou mostrar em detalhes, em outras postagens. Em geral, queriam economia mista, também.

Lembro que mesmo Babeuf era favorável a economia mista, não queria mexer com os micros e pequenos produtores, ponto que também vou mostrar, e já até postei sobre isso.

Lenin, no NEP, no fundo, queria isso, como fórmula de transição e de uma Frente Ampla. Bukharin, mais ainda. 

Também lembro que a linha de Morus, Campanella, Spinoza, Mably, Morelli e, depois, Babeuf e Buonarrotti, queriam um Estado amplo, mas, em geral, com liberdades, micros e pequenos produtores.

Os melhores textos de Rousseau, especialmente seus projetos de Constituição para a Córsega e para a Polônia, seguem esta linha. 

A linha da economia mista é a linha de Alban de Villeneuve-Bargemont (1784-1850), no livro “Economia política cristã” (1834), obra que o jovem Marx leu. 

Também era a linha de K. H. Rau (1792-1870), economista que escreveu o livro “Tratado de economia política” (1826-1837), obra que Adolf Wagner, mais tarde, apenas ampliou.

O mesmo seja dito sobre Frederich List (com o livro “Sistema nacional de economia política”, 1841) e, mais ainda, Henry Carey, nos EUA. 

Na mesma linha há Buchez, Johann Karl Rodbertus (1805-1875), Adolf Wagner e mesmo Ferdinand Lassalle.  E o bispo Ketteler.

No fundo, era também a linha de Stuart Mill, de um socialismo democrático cooperativista, tal como a linha de Buchez, Luís Blanc e dos socialistas democráticos.