A concepção de um Estado social, com amplo INTERVENÇÃO ESTATAL na economia, é uma IDEIA MUITO ANTIGA, que faz parte da Tradição católica e da história da humanidade

A ideia que o Estado deva ter AMPLA INGERÊNCIA, INTERVENÇÃO, na economia, como um Gerente Geral, Gestor, para a realização do bem comum, a DESTINAÇÃO UNIVERSAL DOS BENS, é uma IDEIA TRADICIONAL e INTRÍNSECA A ÉTICA CATÓLICA E NATURAL.

Faz parte da Tradição mais profunda da Igreja, do melhor da Tradição hebraica, dos Santos Padres, de toda a estrutura dos Monges e das Ordens Religiosas. 

Está no cerne dos primeiros tratados de economia, nos livros de Platão (“A República” e “Leis”), de Aristóteles (“Política” e “Economia”), de Xenofonte (“Sobre as minas do Estado”). 

Também está no esboço do Estado hebraico, na prática das Cidades-Estados da Mesopotâmia (berço da civilização), do Egito, das Cidades Fenícias, na estrutura estatal Hebraica, no Estado Persa, nas Cidades-Estados da Grécia e nas melhores estruturas do vasto Estado Romano.

Tem continuidade no melhor da estrutura dos Estados bárbaros cristãos e dos Estados cristãos ortodoxos do Leste Europeu. Também está na estrutura das Comunas medievais e nas aldeias indígenas de todos os povos.

Mais tarde, estas ideias reaparecem, nos melhores textos do Mercantilismo-Colbertismo, inclusive no livro de Antonio Serra. Também está no livro “Tratado de economia política” (1615), de Antoine Montchresthien (1575-1621), tal como, antes, em Jean Bodin (1530-1596), no livro “A República” (1576). Jean Bodin, um católico, é tido como o pai da Ciência Política.

Os grandes teólogos espanhóis ensinavam que o Estado deveria controlar os preços dos produtos mais importantes, baseado na “estimativa comum”, ou seja, na avaliação comum das coisas. Estes grandes teólogos justificavam, deste modo, o controle estatal sobre a economia, a proibição dos juros, ou a redução pelo Estado dos juros, a proibição da usura etc. 

Vou tentar demonstrar este ponto, em vários postagens, na categoria, deste blog, “Fórmula do Planejamento Público Participativo-Economia mista. 

O próprio Spinoza, no “Tratado Político”, 1677, sua obra socialista, diz que seu modelo era a República católica de Aragão, na Espanha. A família da Spinoza tinha origem em Portugal, perto de Aragão. 

Destaco que as ideias de Morus, em 1516, no livro “A Utopia”, tal como do monge Tommaso Campanella (1568-1639), no livro “A cidade do Sol” (1602), seguem a linha da INTERVENÇÃO ESTATAL MACIÇA, que era seguida na França, com Luis XI, Henrique IX, o Cardeal Mazarino, o Cardeal Richelieu e, depois, por Colbert.

Colbert criou várias estatais, que existem até hoje, na França. 

No fundo, era a linha de Hobbes, mesmo com os erros totalitários de Hobbes, bem criticados por Spinoza, no livro “Tratado Político”.

Hobbes viveu vários anos (cerca de 15 anos ou mais) na França de Richelieu.

Destaco que as ideias do padre Vieira, do Estado criar vários estancos (estatais) e bancos públicos, uma concepção socialista, tem origem neste mesmo núcleo tradicional da Igreja. 

Esta linha foi, depois, elogiada por Necker, Voltaire, Diderot, Mably, Morelli e por vários católicos economistas italianos, especialmente na crítica aos erros capitalistas dos fisiocratas.

Basta citar o padre Galiani, no livro genial “Diálogos sobre o comércio de cereais” e nas suas teorias sobre a moeda, de como a circulação monetária deve ser pautada pelo Estado e pelo povo, pelo Controle social do povo.

O melhor do pensamento econômico, sobre Napoleão, foi escrito por economistas protecionistas-mercantilistas, como Carnot, Ferrier, o irmão de Say e outros. Estes autores foram a base teórica de List, dos Carey, de Lincoln, dos escritores protecionistas dos EUA. 

Foi esta a linha que gerou Babeuf e Buonarotti, e foi este o veio principal das ideias socialistas, na França, a base mais antiga do socialismo, uma BASE DE FUNDO CRISTÃO (e do melhor da tradição hebraica, basta pensar em Moses Hess e outros).