O Plano de Deus é a DEMOCRATIZAÇÃO da gestão do Universo, ampla Democracia política, econômica, social, cultural etc

Deus aprecia e tem como FUNDAMENTAL a ação humana como colaboradora, quer a participação ativa de todos na condução pelo rio da história, tanto na obra da salvação, na construção e gestão da Igreja, na gestão do Estado, na escolha das profissões, no casamento ou na geração de filhos. 

A ALEGRIA DE DEUS é participar das alegrias humanas, de nossos problemas, nossas preocupações, de nossa vida.

Deus criou o Universo e as pessoas para habitar em cada parte, compartilhar de cada vida.

Como lembrou Paulo VI, na “Humanae Vitae” (25.07.1968), a “transmissão da vida” ocorre por ação divina com a participação do homem e da mulher como “colaboradores livres e responsáveis”, para gerar uma nova vida, que é sempre “fonte de alegrias”.

Da mesma forma, a constituição de governos e Estados, tal de toda organização racional da economia, requer sempre a ação humana, do povo, livre e responsável, requer o consenso, a participação ativa de todos (“omnium consensu”, pelo consenso de todos”).

A autoridade deve espelhar a ação de Deus, sendo como que um representante da ação divina e dos interesses do povo, sempre em movimento em prol do bem comum.

No final da encíclica “Notre Charge”, Pio X destacou que “Nós desejamos vivamente que” os leigos e homens de bem “tomem parte ativa na organização da sociedade”, para (como “fim”) tornar “acessível” a todos “a felicidade temporal”.

Assim, Pio X concluiu: todas “as engrenagens sociais deveriam estar organizadas de tal forma” que gerem o bem comum e “paralisassem os esforços dos maus”. Todas as estruturas estatais devem promoverem e defenderem o bem comum, devem regenerar e recuperar os maus, livrando as pessoas da maldade, das opressões, da iniquidade.

Pio XI, na encíclica “Ubi arcano” (23.12.1922), também ensinou que o cristianismo (como o judaísmo, antes, e também o melhor da Paidéia) prega “o culto do direito”, pois “a fonte do direito” (e da “autoridade” legítima) vem de Deus, pela mediação da consciência (cf. São Paulo, no início da “Carta aos Romanos”, no capítulo 2).

O “sujeito da autoridade política é o povo”, como destacaram Pio XII e João Paulo II.

A Igreja não tem uma fórmula pronta, pois sabe que a fórmula correta é a sabedoria do povo (dos leigos, especialmente), que deve irradiar-se por toda a sociedade, por todo o Estado, por toda a economia, a vida cultural das nações etc.

Está certo o brocardo latino que ensina que “a sabedoria civil” (do povo) é “coisa santíssima” (“est quidem res sanctissima civilis sapientia”).

Conclusão: como ensinou o então Cardeal Ratzinger (hoje, Bento XVI), no livro “O sal da terra” (Rio, Ed. Imago, 2005, p. 112 e 114), “existem diferentes escolas políticas no catolicismo” (liberdade política), o que importa é que “os cristãos, em todos os partidos, atuem de acordo uns com os outros, de modo transversal”, “no que diz respeito às questões éticas essenciais da política, a partir da sua responsabilidade comum” pelo bem comum.

Afinal, “Deus é amor” (cf. I Jo 4,16), o Ser que tem com Plano o Bem comum (em inglês, “good”, bom”, decorre de “God”, “Deus”).