MICROS E PEQUENOS PRODUTORES não são capitalistas. Existem ANTES do capitalismo e são ESSENCIAIS num Socialismo democrático, com múltiplas formas de produção

Eu me lembro de ter lido, num texto de Lenin, o que li em outros textos de Marx.

O conceito de “capital” exige um capital (montante de capital fixo) mínimo. O mesmo para latifundiários (500 hectares, ou mil hectares, há controvérsia).

Assim, as micro e pequenas empresas não são empresas capitalistas, não são “capital”, no sentido estrito. Têm ínfimo capital fixo (e constante), mas são baseadas principalmente no trabalho pessoal do dono, com pouco ou quase nenhum trabalho assalariado. 

Marx mostra que mesmo na remota antiguidade, a sociedade era formada principalmente por camponeses, artesãos e pequenos comerciantes, por PEQUENOS PRODUTORES.

O mesmo ocorria na Roma antiga. Existiam, claro, os escravos e os latifundiários (nas extremidades), mas entre estes pólos, existiam também os CAMPONESES, ARTESÃOS  e PEQUENOS COMERCIANTES, tal como PEQUENOS PRESTADORES DE SERVIÇOS.

Os extremos eram os latifundiários e os escravos, havendo milhões nas posições médias.

Os MICRO E PEQUENOS PRODUTORES existem ANTES do capitalismo.

Os MICRO E PEQUENOS PRODUTORES podem perfeitamente coexistirem com um Socialismo democrático, com múltiplas formas de produção.

O que NÃO precisa existir é a OLIGARQUIA, os grandes capitalistas, o grande Capital, o “capital” num sentido estrito.

O que NÃO precisa existir, por ser totalmente irracionalmente, são, principalmente, os BANCOS PRIVADOS, OS LATIFÚNDIOS e a GRANDE MÍDIA, que são a parte mais ASQUEROSA e INÍQUA do capitalismo. 

O mesmo foi demonstrado por Fernand Braudel (1902-1985), autor de obras fundamentais como “Civilização e capitalismo”.

Braudel mostra os três níveis da sociedade: o primeiro, de base, formada por milhões de micro e pequenos proprietários, especialmente CASAS FAMILIARES, ligados ao valor de uso; o segundo, formado pela micro e pequena produção, camponeses, artesãos, pequenos burgueses, pequenos prestadores de serviços, OU SEJA, MICROS e PEQUENOS PRODUTORES; o terceiro nível, formado por empresas capitalistas, NAS CIDADES E NO CAMPO (LATIFÚNDIOS AGRONEGÓCIO), o “capital”, valor de troca, reificação, exploração.

O mesmo fez Thorstein Veblen, defendendo os pequenos negócios familiares, micro e pequenas empresas, e atacando os capitalistas, o “capital”, a grande empresa capitalista. 

Veblen queria uma economia mista. Um grande Estado, PLANIFICAÇÃO, Estado social, com muitas estatais, ampla infra-estrutura econômica estatal e micros e pequenas empresas familiares. O mesmo que eu defendo, em linhas gerais.