Paulo VI, quando tinha 22 anos, escreveu texto mostrando como Católicos e socialistas podem e devem trabalhar juntos, para superar o capitalismo

Giovanni Battista Montini (nascido em 1897, que depois se tornou Papa, com o nome Paulo VI) escreveu um artigo no jornal “A Funda” (com inspiração na funda de David usada contra Golias), em 03 de setembro de 1919 (quando tinha 22 anos, e estava prestes a entrar no Seminário Lombardo), onde escreveu:

não só estamos dispostos a todas as transformações sábias e reformas que possam ajudar o povo mas as queremos, propugnamos; e se não somos extremistas nisto, é porque nós excluímos toda e qualquer forma materialista, toda a injustiça, toda a violência, todo o capricho arbitrário, todo o método socialista. Tirem à sua concepção social o aspecto materialista…fazendo consistir toda a reforma social em reformas econômicas e a elevação do povo (…) tirem o veneno das suas almas, e estaremos de acordo em propugnar um programa comum de justiça integral: isto é, eles estarão de acordo conosco!” [texto retirado da página 71 do livro “Paulo VI”, de Carlo Cremona, editado pelas Paulinas, em 1977].

Montini, o futuro Paulo VI, reconhecia que era possível “um programa comum de justiça” aceitável para católicos e socialistas. A mesma linha de Buchez, Ketteler, Pesch, Mounier, Maritain e outros. 

Por “método socialista” entendia o uso da violência e da mentira (afinal, alguns socialistas, infelizmente, usavam frases maquiavélicas sobre a licitude de meios imorais).

O programa socialista humanista, concernente a “reformas econômicas”, era considerado, implicitamente, em harmonia com as idéias da Igreja e, por isso, Montini terminava dizendo: “eles estarão de acordo conosco” (praticamente a mesma frase de Pio XI, sobre a aproximação dos socialistas com os católicos).

Mounier, na França, mostrou que o socialismo não está ligado intrinsecamente com o marxismo, sendo este um complexo de idéias, das quais, muitas, têm procedência cristã ou hebraica.

Mounier mostrou claramente que a democracia, e seu aprofundamento no socialismo participativo, democrático, são coerentes com o cristianismo.

Erich Fromm, tal como vários pensadores do século XIX e XX, apontou como precursores do socialismo os profetas bíblicos: Isaías, Amós, Oséias, Jeremias, Ezequiel, Daniel e outros.

Fromm (piedoso, em alemão) esboçou uma síntese entre marxismo e as idéias de Freud, com abertura para a religião.

No Brasil, Hélio Pellegrino fez algo semelhante (sendo mais profundo), unindo cristianismo, socialismo, respeito a algumas idéias corretas de Freud, marxismo e ainda teologia da libertação. Os textos de Pellegrino e Fromm também abonam as teses deste blog.