Estado deve, com recursos públicos, formar cooperativas de trabalhadores, educar trabalhadores, aumentando as forças produtivas e a renda dos trabalhadores

Numa das muitas leituras que fiz de “O Capital”, vi que Marx descreveu um programa estatal, na Inglaterra, lá por 1860. Um programa de obras públicas. O Estado contratava pessoas desempregadas, para vários trabalhos públicos, de varreção de ruas, limpeza de ruas e becos, limpeza de valas, dutos, pavimentação de ruas, abertura de ruas vicinais etc.

Este programa estatal é anterior ao marxismo. Precede ao marxismo, sendo um programa criado por ideias cristãs para ajudar os trabalhadores.

É uma forma de intervenção do Estado na economia. Pode ser usado para atenuar a miséria, amparar os trabalhadores e, mais importante ainda, ORGANIZAR O TRABALHO na forma de cooperativas.

O DNOCS, no Brasil, chegou a contratar quase dois milhões de pessoas, para obras contra a seca, abertura de poços, de cisternas etc. No RJ, há uma fila de cem mil pessoas inscritas para trabalharem na retirada de lixo das ruas. Claro que eu defendo a carreira estatal de garis, com concursos públicos etc, mas há vários trabalhos públicos que podem ser feitos pelos trabalhadores, especialmente pela contratação estatal de verdadeiras cooperativas de trabalhadores. 

Da mesma forma, Keynes (e Barbosa Lima Sobrinho, no Brasil), sempre defenderam a criação de um programa de emprego baseado em gastos estatais. 

O velho Keynes estava corretíssimo na ênfase na ação estatal contra o desemprego. Até contratar pessoas para abrir buracos e depois fecharem é melhor que deixar os trabalhadores sem trabalhos e rendas.

Há trabalhos úteis e que ao serem feitos, geram aprendizagem, conhecimentos técnicos e laborais, que são absorvidos pelos trabalhadores, aumentando as forças produtivas da sociedade. 

Sempre foi parte dos programas da esquerda a formação de Frentes de Trabalho Urbana e Rural para reduzir o desemprego. Isso pode ser feito junto com o Bolsa Família. O Bolsa Família paga uns duzentos reais. A pessoa inscrita poderia ter mais renda, além destes duzentos, recebendo mil reais, com trabalhos públicos, participando de cursos alfabetizantes, cursos técnicos etc. 

Como Frei Betto explica, em seus livros, o Bolsa Família deveria pagar mais aos inscritos para estes fazerem cursos práticos, profissionalizantes, para estágios, trabalhos de aprendizes, para dar conhecimentos práticos, e também experiência laboral, em trabalhos úteis à sociedade. Mitiga a miséria. Expande o poder de compra dos trabalhadores, sendo boas medidas, num conjunto de mudanças, para superar o capitalismo.

A melhor solução é juntar Bolsa Família, cursos, trabalhos públicos, contratos públicos e cooperativismo. O Estado deve ajudar na formação de cooperativas de trabalhadores, de fábricas cooperativas, de lojas e empresas, organizadas como cooperativas. 

O melhor é inscrever os trabalhadores em cooperativas corretas de trabalhos, fazendo o Estado contratos com estas cooperativas, expandindo o número de cooperativas, de fábricas cooperativas, de postos de trabalho cooperativos.