O Brasil sempre teve boas tradições estatais, comunitárias, cooperativistas, nacionalistas

Bernard Shaw (e os fabianos, por exemplo, H. G. Wells) ensinava que as relações comunitárias já estão espalhadas na sociedade atual, como parte boa, para ser expandida.  

Shaw mencionava as formas de propriedade pública, as terras estatais, as ferrovias estatais, o sistema tributário, o sistema de saúde e de seguridade, a polícia etc. Em vários países do século XIX, existiam ferrovias estatais, bancos públicos etc. Economia mista, a parte pública não foi invenção de Marx. Mesmo no Brasil, uma de nossas melhores estatais é de 1808 (Banco do Brasil) e outra é de 1870, acho (a Caixa Econômica Federal). 

Da mesma forma, estão espalhadas em todo o mundo, em todas as culturas, como foi visto corretamente por Marx, em alguns textos do “Grundrisse” e em cartas.

Até Adam Smith escreveu, em seu livro “A riqueza das nações”, que “no estado primitivo [onde preponderavam as relações comunitárias, o modo de produção comunitário campesino e artesanal], em que não há terras apropriadas nem capitais acumulados, todo o produto do trabalho pertence ao trabalhador; porque não há proprietário nem senhor com quem reparti-lo (…). O arrendamento (após a apropriação da terra) é a primeira redução que sofre o produto do trabalho (…). O juro forma a segunda redução imposta ao produto do trabalho”.

Lembro que o arrendamento é o aluguel das terras e o juro ou empréstimo é o aluguel do dinheiro. O Estado pode locar terras e dinheiro, tal como pode criar dinheiro e dar terras, para colônias internas, reforma agrária. 

Estes bons textos de Adam Smith (na mesma linha dos Santos Padres, Santo Ambrósio, Rousseau, Mably, Weishaupt, Fauchet, Boneville), com formação cristã (ainda que toldada por Hume), influenciaram Karl Marx, que o cita dezenas de vezes em “O capital”.

Infelizmente, Adam Smith também inseriu no pensamento econômico dezenas de idéias pró-capital e nisso sua influência foi anti-cristã (como apontaram vários críticos católicos contra os fisiocratas e os liberais).

Os textos de liberalismo econômico sempre são hostis ao cristianismo, não aceitam uma economia regida pela ética, pois sabem que a ética condena o capitalismo, o imperialismo e o latifúndio.