Frederico Engels, em vários livros e textos, elogiou o cristianismo

Frederico Engels, no texto “Estudo sobre o cristianismo primitivo” (de 1884), escreveu que as revoluções camponesas, na Idade Média, eram movidas pelo cristianismo primitivo, ou seja, a religião nem sempre é “ópio” do povo. Só é ópio quando o integrismo ou fundamentalismo (controle do grande capital sobre parte do Clero) tem ação.

Engels, no estudo “O livro do Apocalipse”, repetiu a frase de Renan que dizia que quem quisesse ter uma idéia das primeiras comunidades cristãs, bastaria ver as seções locais da Internacional. Engels comentou a frase de Renan: “isto é correto. O cristianismo apoderou-se das massas, tal como o faz o socialismo (….). O cristianismo, como todo movimento revolucionário, foi estabelecido pelas massas”. Notar a frase – “o cristianismo, como todo movimento revolucionário, foi estabelecido pelas massas”.

Lenin também reconheceu que o cristianismo primitivo era democrático e “revolucionário”. Idem para Rosa de Luxemburgo, em seu bom livro sobre a religião e o socialismo. 

O mesmo Frederico Engels, no pequeno livro “Sobre a história do cristianismo primitivo”, reconheceu que “a história do cristianismo primitivo tem notáveis semelhanças com o movimento moderno da classe operária”.

Ainda Engels, no livro “Bruno Bauer e o cristianismo primitivo” (de 1882), repetiu basicamente a mesma frase, pois considerou corretamente o cristianismo primitivo como “o primeiro protesto universal do homem contra a opressão universalizada”.

O mesmo Engels, numa carta escrita de Londres, escreve: “Podemos observar na Inglaterra que uma classe social se encontra tanto mais na ponta do progresso e com um futuro tanto maior, quanto mais baixa sua escala social, mais inculta no sentido corrente do termo. Essa é uma constante de qualquer época revolucionária, que se manifesta especialmente na revolução religiosa da qual o cristianismo foi produto: ‘bem-aventurados os pobres’, ‘a sabedoria deste mundo se fez loucura’”.

Engels, numa carta a Marx, após a publicação de “O Capital”, se refere a Cristo e diz “nosso velho amigo Jesus” dizia “sejam espertos como a serpente e bons como a pomba”. Com base nesta frase de Cristo, Engels publicou cartas de crítica ao livro “O capital”, para furar o bloqueio da mídia ao mesmo.

O maior parceiro de Marx, Engels, no livro “As guerras campesinas na Alemanha”, elogiou o cristianismo primitivo e disse que Thomas Münzer tinha uma “doutrina política” que “procede diretamente de seu pensamento religioso revolucionário”. Este capítulo (tal como vários textos de Engels transcritos neste blog) prova que Engels admitia que o pensamento religioso pode ser revolucionário, ou seja, que nem sempre a religião é um “ópio do povo”.

O ecumenismo e o pluralismo, no prisma religioso e no campo da esquerda, são as melhores pontes, que podem gerar um poder popular que garanta ao povo a efetiva soberania (e o domínio eminente) sobre os próprios movimentos, os recursos naturais etc.

O próprio Pio X escreveu: “a Igreja, (…), difundiu a civilização, (…) conservando e aperfeiçoando os bons elementos das antigas civilizações pagãs”, ou seja, com ecumenismo (catolicidade, universalismo), que deve ser adotado pelas e com as correntes socialistas.