As ideias de Henri Lefebvre e o catolicismo

Autores como Henri Lefebvre também se aproximaram das teses cristãs, especialmente em livro como “Posição: contra os tecnocratas” (1967), ou em “Lógica formal, lógica dialética” (1947), onde defende a validade da lógica formal para o discurso. De fato, o melhor da lógica de Hegel vem da lógica de Aristóteles, sempre atual. 

A concepção de Lefebvre sobre o socialismo fundada no “autogoverno”, como base para superar o burocratismo e a tecnocracia, se aproxima de boas idéias cristãs.

As obras “Sobre uma interpretação do marxismo” e “Além do estruturalismo” (com crítica a Louis Althusser) trazem bons pontos de união, tal como a crítica que fez contra a teoria da consciência-reflexo.

Lefebvre elaborou uma boa definição de socialismo num artigo que foi publicado na revista “Le Monde” (Paris, 29.01.1964 e depois na revista Esprit, n. 346, de fevereiro de 1966, por Desroche e ainda no livro “A utopia”, de Luiz Alberto Gómez de Souza, um dos maiores expositores da Doutrina social da Igreja):

Lênin deu uma definição simplificada mas clara do socialismo: os sovietes mais a eletrificação. Hoje, o socialismo não seria uma densa rede de organizações de base mais as máquinas eletrônicas? A rede de organismos na base das unidades produtivas e das unidades territoriais asseguraria o caráter democrático da participação, a expressão das necessidades sociais, o controle da base sobre a cúpula. Sem esta rede, a eletrônica e a cibernética aplicadas à gestão da economia entregam o poder aos tecnocratas. Sem as máquinas, a democracia na base corre o risco de cair na inorganicidade econômica e social”.