Texto de LaRouche, de 2014, elogiando o Novo Banco de Desenvolvimento estatal dos BRICS

O Novo Banco de Desenvolvimento

É uma questão elementar o fato de que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Acordo de Reservas de Contingência (ARC) são as sementes de uma arquitetura financeira internacional totalmente nova – ainda que uma grandiosa batalha política esteja à frente para que essa política entre em vigor, contra as violentas objeções da City de Londres e Wall Street, incluindo seus agentes dentro de alguns dos países BRICS. O documento fundador do NBD cautelosamente toca na idéia de que o NBD e ARC tem o significado apenas de instituições “complementares” às existentes, como o FMI; mas os princípios sob os quais foram fundados não só contradizem os do FMI, como mutuamente eles se excluem.

Ainda mais relevante, o NBD fica claramente preparado a emprestar dinheiro para o desenvolvimento real, sem as odiosas condições de austeridade e as políticas ambientalistas associadas ao FMI e ao Banco Mundial. Por exemplo, a declaração conjunta entre CELAC e a China contém uma ruptura radical com as condicionalidades do FMI e do Banco Mundial, convocando “para o bom uso das concessões dos empréstimos concedidos pela China, de acordo com as necessidades e prioridades dos países beneficiários (…). Nós reiteramos a importância da construção e modernização da infra-estrutura”.

A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, que teve um comportamento de destaque (depois de sua anfitriã, Dilma Rousseff) na Cúpula Unasul-BRICS, deu a mais clara declaração para uma nova ordem financeira mundial: “Nós, senhores, estamos propondo então uma nova ordem financeira global, uma que não seja apenas justa e equitativa, mas indispensável (…). O que nós pedimos ao mundo é, objetivamente, a criação de uma nova ordem financeira global que irá permitir o crescimento econômico global e sustentável (…). Assim, o apelo a todas as nações é para que se unam forças nessa cruzada real para uma nova organização política, econômica e financeira global que terá consequências sociais, políticas, econômicas e culturais positivas para todas nossas nações”.

O presidente russo Vladimir Putin – que, como a presidenta da Argentina, não é estranho ao fato de ser alvo de guerras econômicas – apresentou uma proposta complementária: “As nações BRICS devem cooperar de maneira mais estreita no mercado de commodities. Nós temos uma base de recursos única: nossas nações detém de 30 a 50% das reservas globais de recursos variados. Portanto, creditamos que é imperativo desenvolver a cooperação em mineração e processamento, e organizar um centro para treinar especialistas das indústrias de metais das nações BRICS”.

Tal acordo irá desfazer o estrangulamento das commodities mundiais pelo Império Britânico e sua habilidade em especular com o sustento e a própria existência das nações.

Para esses propósitos serem viáveis, o NBD e o ARC devem funcionar com uma parede corta-fogo contra o canceroso sistema do dólar. É digno de nota que o NBD é autorizado tanto para receber no futuro capitalização adicional em moedas que não sejam o dólar, assim como conceder empréstimos aos BRICS e outras nações fora do dólar.