As linhas gerais da economia em adequação à Doutrina social da Igreja

A doutrina da Igreja aponta como melhor solução uma economia mista, sem ricos, onde os grandes meios de produção pertençam ao Estado, com difusão maciça da pequena propriedade, da educação, da saúde, de direitos políticos, de direitos trabalhistas e sociais.

Um sistema com predominância do Trabalho, como causa única eficiente da produção, e como causa conjunta, junto com a natureza, dos valores de uso, da verdadeira riqueza de uma sociedade. 

A ampliação dos direitos sociais e trabalhistas, naturalmente, amplia o número de pequenos e médios proprietários e impede o surgimento de ricos.

Para evitar o acúmulo de bens, um bom ordenamento jurídico e um sistema tributário distributivo são essenciais. Tal como um Ministério Público e um Judiciário vinculado aos hiposuficientes etc.

Quanto maior o bem de produção, maior o grau necessário de intervenção pública, de controle público, por sua vez controlado pelos trabalhadores, pela sociedade – controle social.

Os grandes meios de produção devem pertencer ao Estado, com a co-gestão dos trabalhadores, que também deve existir em praticamente todas as empresas (e o ideal é que estas adotem as formas de cooperativas e fundações.

O direito de propriedade sobre um carro sofre amplas limitações no direito de uso do carro (leis de trânsito).

Da mesma forma, sobre armas, é justo que sejam praticamente proibidas. Ou sobre pólvora, por exemplo.

Os bens devem ser usufruídos por todos para atenderem às necessidades básicas, esta é a regra básica, serem usados de acordo com as necessidades, e serem regulamentados na medida da necessidade ( finalidade intrínseca).

Quanto mais úteis socialmente, mais contendo valor de uso, mais devem ser regidos publicamente, pelo controle dos preços, por pilhas de formas de gratuidade, de comunhão de uso etc.

A base fundamental da teoria social da Igreja é a caridade (o amor). Desta virtude primordial há uma regra básica que deve reger a economia e a sociedade: que cada um tenha os bens necessários (se possível, de graça), na medida das necessidades.

São Vicente de Paulo, São Francisco de Assis, as Irmãs de Caridade, os Vicentinos e outros tinham consciência clara desta máxima, tal como a maioria das Ordens religiosas e instituições de caridade.

A misericórdia, a caridade, dar de graça, é o miolo, o cerne, da doutrina de Cristo. Uma sociedade onde todos prosperam, têm subjetividade, dignidade, vida plena.