Bento XVI e Franz Oppenheimer: Democracia tem fontes teóricas hebraicas e cristãs

O sociólogo judeu, Oppenheimer, redigiu sete volumes da obra “Sistema da sociologia”, de grande amplitude. Ele refutou os erros do “darwinismo” distorcido por conta de autores como Gumplowicz, que cultuavam a força (erros ligados também ao pan germanismo, a vários autores ligados à Bismarck).

Bento XVI resgatou bem as idéias de Franz Oppenheimer. Vejamos o texto do papa, inclusive lembrando que a Democracia cresceu, usando o modelos das “constituições monacais” e das estruturas democráticas da Igreja (eleição de Papas, eleição de Bispos etc):

“Não posso senão concordar com o que Oppenheimer disse. Hoje sabemos que o modelo democrático se desenvolveu a partir das constituições monacais que anteciparam esses modelos com os capítulos e a votação. Assim, a ideia de um direito igual para todos pôde encontrar a sua forma política”.

“É claro que antes já tinha havido a democracia grega [e antes a Democracia na Mesopotâmia, nos demos egípcios, nas cidades fenícias, nas cidades hebraicas etc], da qual vieram impulsos decisivos, mas que teve de voltar a ser transmitida depois da queda dos deuses. É um fato conhecido que as duas democracias originárias, a americana e a inglesa, se baseiam num consenso de valores que vem da fé cristã e que só puderam e podem funcionar quando existe um consenso básico no que diz respeito aos valores. De outro modo, elas se dissolveriam e se desfariam. Pode-se, pois, fazer um balanço histórico positivo do cristianismo, o qual levou a uma nova relação do homem consigo mesmo e a um novo modo de ser humanitário. A democracia grega antiga baseava-se na garantia sagrada dos deuses”.

A democracia cristã da época baseia-se no caráter sagrado dos valores garantidos pela fé que são subtraídos à arbitrariedade das maiorias. Precisamente o que disse há pouco sobre o balanço do século XX mostra também que, quando se retira o cristianismo, voltam a irromper, de repente, forças arcaicas do mal que estiveram banidas por causa dele. Pode-se dizer, de um ponto de vista puramente histórico, que não há democracia sem um fundamento religioso, “sagrado”.

Franz Oppenheimer e Bento XVI ensinaram que é “um fato conhecido que as duas democracias originárias”, mais conhecidas, “a americana e a inglesa, se baseiam num consenso de valores [idéias éticas, práticas, idéias simples, de uso cotidiano] que vem da fé cristã” (no plano humano, da síntese entre a fé hebraica com a Paidéia).

A fé cristã aproveitou as idéias naturais e práticas, acolhendo-as, pois a religião cristã é baseada na razão e na fé (nunca é irracional, mas sim, supra-racional).

Conclusão: a Bíblia (o pensamento hebraico concentrado) e o melhor do pensamento antigo (da “Paidéia”) têm, em suas entranhas (essência), um conjunto de idéias jusnaturalistas-democráticas, pois defendem o primado da pessoa (logo, a destinação universal dos bens), os direitos humanos naturais, as idéias e as necessidades presentes na consciência da sociedade.