A boa Tradição política brasileira de luta por um extenso Estado social, popular

A história política do Brasil é a história da luta por extenso Estado social, popular, de intervenção na economia, dirigista, planificador, regulamentador, redistributivista, de proteção e ajuda aos trabalhadores, aos pobres. 

Basta pensar no melhor do getulismo. E no fato dos grandes partidos políticos, no Brasil, terem siglas como Partido Trabalhista do Brasil, PDT, Partido da Democracia social (houve o antigo PSD, o PDS e o PSDB, três partidos falsos, de siglas boas, mas com lideranças neoliberais, embora o antigo PSD tivesse algumas boas estrelas como Juscelino e Ulysses Guimarães (1916-1992).

Ulysses Guimarães (1916-1992) era católico e democrata (tal como Franco Montoro e vários lideres do PMDB). Ulysses, num discurso publicado no jornal “Movimento” (abril de 1978), ensinou corretamente que

o homem é titular [sujeito, autor, controlador], e não objeto do Estado. O homem, ao criar o Estado, quis criar o aliado, e não o monstro que persiga, torture e mate seu criador ou martirize com salários desmoralizados pela carestia galopante, com a inacessibilidade de médico e remédio ou de escola para seus filhos. O povo é o que há de mais profundo e permanente em uma nação”.

Frise-se que os textos de Ulysses (vide seu livro, “Rompendo o cerco”, editado pela Paz e Terra, em 1978) sempre foram corretamente elogiados por homens como Alceu, Barbosa Lima Sobrinho, Antônio Cândido, Alencar Furtado, Juscelino, Darcy Ribeiro, Geraldo Ataliba, Tancredo Neves, Carlos Chagas, Fernando Gasparian, Celso Monteiro Furtado (1920-2004) e outras boas estrelas de nosso firmamento político, compromissados com o ideal de uma democracia popular, social, não-capitalista, não-liberal.

Tancredo Neves, por exemplo, era discípulo de Getúlio Vargas, ligado ao getulismo, ao ideal de democracia social, repelido e combatido pela antiga UDN (instrumento da CIA, toda infiltrada).

Num contraponto, o general Figueiredo, que governou o Brasil de 1979 a 1985, dizia publicamente que o povo era como “uma besta que se deixa levar pelo cabresto”. O general Figueiredo dizia que “um povo que não sabe nem escovar os dentes não está preparado para votar”.