Vaticano – ideal social e econômico exige síntese entre socialização e personalização

O documento “A doutrina social da Igreja na formação sacerdotal”, da Congregação para a Educação Católica (Petropólis, Vozes, 1989), do Vaticano, expõe, como orientação para o clero católico do mundo inteiro, as linhas gerais de uma democracia, econômica e política, participativa, como ideal concreto e histórico dos princípios (idéias práticas) sociais cristãos.

Vejamos, com a transcrição de parte do documento acima referido, o ideal político católico, exposto na formação dos sacerdotes da Igreja:

Participação.
40. A participação ocupa um lugar predominante no desenvolvimento recente do ensino social da Igreja. A sua força está no fato de que assegura a realização das exigências éticas da justiça social. A participação justa, proporcionada e responsável de todos os membros e setores da sociedade no desenvolvimento da vida socioeconômica, política e cultural é o caminho seguro para alcançar uma nova convivência humana. (…)
Trata de uma aspiração profunda do homem, que exprime a sua dignidade e liberdade no progresso científico e técnico, no mundo do trabalho e na vida pública.
Estruturas humanas e comunidades de pessoas
41. A Igreja procurou repetidamente prevenir o perigo real que ameaça a dignidade da pessoa, a liberdade individual e as liberdades sociais, e que deriva da concepção tecnicista e mecanicista da vida e da estrutura social que não deixa espaço suficiente ao desenvolvimento dum verdadeiro humanismo. (…)
A realização destes princípios, que regulam a vida social nos diversos níveis de organização social e nos vários setores da atividade humana, permite superar todas as tensões entre a socialização e a personalização”.

Conclusão: a noção de “democracia participativa” une, numa síntese, a “socialização” e a “personalização”, como queriam Dom Hélder, o Cardeal Lercaro e Alceu.

Trata-se de uma ampliação (mantém o mesmo núcleo e o amplia, “supera”, na terminologia hegeliana) do conceito de “democracia social”, democracia popular.

Correlato a estes conceitos, é certo dizer que a Igreja busca, na atual fase histórica, um Estado social participativo, popular, trabalhista, distributista, comunitário, cooperativo, campesino, verdadeiramente representativo do povo, anti-capitalista, anti-latifundiário, anti-imperialista e anti-oligárquico.