A Primeira Internacional era pluralista, tinha vários tipos de socialismo

O socialismo democrático era a principal corrente do movimento socialista, no final da metade do século XIX, antes dos textos de Marx.

Esta corrente tinha raízes (fundamentação) religiosas. Esboçaram a idéia de uma democracia social, de um “socialismo democrático” (expressão usada por Engels numa nota de rodapé no “Manifesto”, para designar a corrente de Luiz Blanc, Buchez e outros).

A mesma base de ideias, religiosas, deste “socialismo democrático” está nos textos de Lamennais, Buchez, Ozanam, Ketteler e outros autores ligados à Igreja.

A maioria dos membros da 1ª Internacional, inclusive os anarquistas, concordava com as linhas gerais da Democracia social, inclusive apreciando os “princípios elementares da moral e do direito” (texto expresso da Internacional).

Estes princípios de ética e de direito são verdades práticas que nascem naturalmente como fruto do brilho da inteligência das pessoas, feitas à imagem e semelhança de Deus.

A primeira Internacional era pluralista. César de Paepe, belga, teve ampla participação na primeira internacional e deixou textos proferidos em congressos da internacional, onde fica claro que esta organização não era “marxista”, e sim pluralista, baseada em pontos comuns entre mutualistas, cooperativistas (muitos deles eram cristãos), federalistas, seguidores de Proudhon, alguns positivistas, anarquistas, socialistas religiosos e marxistas.

Estas correntes “abraçam-se e completam-se na Internacional”, tentando elaborar “uma nova concepção de sociedade, concepção sintética, que busca simultaneamente garantias para o indivíduo e para o coletivismo. Em síntese, era a liberdade e a solidariedade” (texto colhido na pág. 31 do livro “Universo ácrata” de Edgar Rodrigues, vol. I, Florianópolis, Ed. Insular, 1999).

César de Paepe combatia a “concepção jacobina de Estado onipotente e da comuna [município] subalterna”, pois valorizava (numa linha que seria reprisada pelos militantes da Comuna de Paris e, depois, pelos fabianos) os municípios, defendendo uma sociedade baseada em comunas (municípios) emancipadas “nomeando [por eleições] ela própria todos os seus administradores, fazendo a legislação, a justiça e a polícia”. Também criticava a “concepção liberal do Estado gendarme”.

A doutrina da Igreja também e é municipalista (há bons textos de Kropotkin reconhecendo este ponto) e fica claro, pelas idéias expostas por César de Paepe, que já havia clara identidade de algumas idéias entre os cristãos e os outros participantes da Internacional.

César de Paepe queria um grande Estado social, dividido em províncias e municípios.

A Igreja defende todos os elos sociais, defende municipalismo, provincialismo federalista, nacionalismo, união política dos continentes e Estado mundial, sendo que o Estado mundial seria Federalista ou Confederalista, não eliminando os elos menores, e sim os protegendo. 

Pi y Margall, como Anselmo e outros anarquistas, elogiaram o movimento das comunas nos séculos XII e XIII, como o berço da democracia na Europa e este movimento teve ampla participação da Igreja.