A presença do Clero católico na luta pela Democracia popular, no Brasil, e no mundo

Há ampla base cristã e jusnaturalista no “Manifesto” dos republicanos pernambucanos de 1817, num movimento que foi chamado de “Revolução dos Padres”, pela grande presença do clero, com destaque para o padre Roma e outros.

Há a mesma base jusnaturalista e cristã no Movimento da Independência, tal como nos documentos dos revolucionários de 1824, nos textos da Revolução dos Cabanos (Cônego Batista Campos), no Manifesto dos Farroupilhas, na Revolução Praieira (com lideranças católicas e negras como Antônio Pedro de Figueiredo) e também em vários dos Manifestos Republicanos, de fundo jusnaturalista.

O “Manifesto” de 1824, da Confederação do Equador, dizia: “é inato no coração do homem o desejo de ser feliz, e este desejo, como princípio de toda a sociabilidade, é bebido na natureza e na razão”.

Completava, “para preenchê-lo é indispensável um governo que, dando expansão e coordenando todos os recursos, eleve os associados àquele grau de prosperidade e grandeza que lhe estiver destinado nos planos da Providência, sempre disposta em favor da humanidade. Reconhecendo estas verdades eternas, adotamos o sistema de governo… representativo”.

Na bandeira da Confederação, estava escrito “Religião, Independência, União e Liberdade”. Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (1779-1825), o padre Miguelinho e o padre Mororó foram fuzilados, selando com o sangue o compromisso com a Democracia popular. 

O padre Roma (1768-1817) não participou do movimento de 1824, pois foi fuzilado em 1817, mas deixou um filho, o General Abreu e Lima, discípulo de Buchez, socialista católico e lutador ao lado de Bolívar. Bolívar e o General Abreu e Lima eram católicos. 

O “Manifesto de Piratini”, de Bento Gonçalves, também identifica “a voz santa da natureza” com as “leis do Criador”.

Em obras como a de Gilberto Vilar de Carvalho, “A liderança do clero nas revoluções republicanas de 1817 e 1824” (Petrópolis, Ed. Vozes, 1980) ou na de André Figueiredo Rodrigues, “O clero e a conjuração mineira” (São Paulo, Ed. Humanistas/USP, 2002) há documentos na mesma linha.

O bispo paulista Dom Duarte Leopoldo Silva demonstrou claramente a ampla participação do clero na independência, no livro “O clero e a independência” (Rio, Ed. Centro Dom Vital, 1923).