Virtudes são regras naturais, racionais, para a realização do bem comum, o bem de todos, o florescimento da natureza, da sociedade

As quatro virtudes cardeais listadas por Platão estão também na Bíblia (cf. “Sabedoria” 8,7; 1 Pr 14,15; Lv 19,15; Cl 4,1; Sl 118; Jo 16,33; Tt 2,12; Eclo 18, 30 e em centenas de versículos).

As quatro virtudes cardeais são quatro regras fundamentais, das quais decorrem cerca de 30 virtudes decorrentes (regras decorrentes, sub-regras).

A caridade (amor, compaixão, bondade, misericórdia, empatia), a esperança e a fé são virtudes sobrenaturais, auxiliares das virtudes naturais. 

A primeira das virtudes naturais e cardeais é a “justiça”, ou seja, o conjunto de regras racionais, dialógicas, práticas, para a proteção, a realização e o aumento do bem comum. A principal é a justiça distributiva, que obriga a sociedade a difundir bens a cada um, de acordo com as necessidades. Depois, há a justiça social (e legal, a distinção é pequena, e será feita em outra postagem), que são as obrigações de cada pessoa em prol do bem comum, reduzindo a liberdade pessoal em prol do bem comum. Depois, há a justiça comutativa, que é importante, pois toda a extração da mais valia fere a justiça comutativa, que exige contratos livres, bons para as duas partes, para todos os contratantes. 

Depois, há a “prudência” (a “regra certa da ação”, cf. Aristóteles), que aperfeiçoa a “logiskikón”, a mente, detalhando as regras na aplicação da regra do bem comum aos casos particulares. A prudência foi definida pelo “Catecismo da Igreja Católica” (n. 1806) como a aplicação “dos princípios morais aos casos particulares”, “sobre o bem a praticar e o mal a evitar”, na luta entre o Bem (comum) e o Mal.

Há também a “temperança” (autocontrole pessoal) e a “fortaleza” (coragem). Estas duas virtudes exigem o controle racional sobre os apetites, paixões, movimentos corporais e psíquicos, agressividade, concupiscência, afetos, desejos, paixões, imaginação etc. O termo “concupiscência” significa apenas o movimento do apetite sensível para seu objeto, sendo algo natural, desde que nos limites da razão, do bem comum.

Como ensinou o “Catecismo da Igreja Católica” (n. 1808), “a fortaleza” é a regra da “firmeza”, da “constância na procura do bem”, nos faz “vencer o medo, inclusive da morte”, “suportar a provação e as perseguições”, nos move mesmo ao “sacrifício” da “vida para defender” “causas justas” (“no mundo, tereis tribulações, mas tende coragem; eu venci o mundo”, disse Cristo, em Jo 16,33).

A “temperança” “modera a atração pelos prazeres”, “procura o equilíbrio no uso dos bens criados”, “assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade” (n. 1809, do “Catecismo”). Temperança é “moderação”, “sobriedade”, autodomínio, autocontrole, autodeterminação, equilíbrio.

As “virtudes” são “adquiridas pela educação, por atos deliberados”, pela “perseverança”, “são purificadas e elevadas pela graça”, “forjam o caráter”, “facilitam a prática do bem” (n. 1810).