O culto das virtudes e a Democracia Popular, baseada nas mesmas virtudes, nas regras do bem comum.

O conceito clássico e hebraico de virtude foi também consagrado no “Catecismo da Igreja Católica”, no item 1803, “a virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem”, “praticar atos bons”, “dar o melhor de si”, “procurar”e “escolher” o bem, “na prática”. Em termos simples, virtudes são regras para o bem comum, são ideias em conformidade e adequação com o bem comum (o próprio bem, o bem familiar, o bem social, em boa síntese).

Com uma “vida virtuosa”, pautada pelo bem comum, nos tornamos “semelhante a Deus”, nos unimos a Deus, sem perder nossa personalidade, nossos jeitos próprios, imersos, mas robustecidos em nossa individualidade, em nossa unicidade como ser, tal como um Filho que trabalha com o Pai, ampliando sua personalidade própria.

As virtudes são “perfeições habituais da inteligência e da vontade, que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão [virtudes naturais] e a fé [virtudes sobrenaturais]”.

A “pessoa virtuosa” age “livremente” na “prática do bem”. Além disso, “as virtudes morais são adquiridas humanamente”, são os frutos e os germes de atos moramente bons”, “dispõem todas as forças do ser humano para” a “comunhão com o amor divino” (“Catecismo”, n. 1804).

Deste conceito, decorre a regra que, o poder, como qualquer outro ato ou prática humana, deve estar sujeito às virtudes, deve estar sujeito às regras racionais e sociais exigidas pelo bem comum, o poder deve estar sujeito à sociedade organizada, para que todo poder sirva ao bem comum.

A quintessência do jusnaturalismo do melhor da Paidéia, da Bíblia e do cristianismo é justamente a valorização da consciência (especialmente da razão), em sua função de conhecimento, de obtenção da verdade (idéias verdadeiras, reais), como guia da vida.

A consciência das pessoas é a fonte imediata das “virtude”, ou seja, das “regras éticas e das regras naturais jurídicas”, que devem ser positivadas, explicitadas e protegidas por sanções e garantias.

Cada pessoa é, assim, um legislador natural, operando de forma legítima quando opera por idéias verdadeiras, por idéias reais, em adequação à realidade, ao bem comum.

A ética é a ciência e a arte de controlar conscientemente a própria vida e dar um controle consciente para a sociedade, fazer a sociedade pautar-se pela consciência social, pela consciência das pessoas, unidas pelo diálogo.

A ética é um conjunto de idéias, de regras racionais (e algumas idéias supra-racionais, não sendo nunca irracionais), de medidas finas, de harmonia, de luz, de idéias bem finas e claras sobre o trajeto (caminho) da vida.

As virtudes são regras racionais e sociais de vida. Sobre as vitudes, vale à pena a leitura dos clássicos, tal como de autores como McIntyre, R. Taylor, H.R. Niebuchr, Josef Pieper ou outras.