A parte boa de Hegel e do hegelianismo

Hegel chamava de “espírito objetivo” as estruturas religiosas, morais, a arte, o direito, o Estado, a economia etc, dando prioridade à ética e à religião, ponto que Croce destacou para provar que Hegel não era totalitário ou absolutista e que o hegelianismo não poderia fundamentar as idéias fascistas.

De fato, Hegel foi um filósofo cristão. Defendia o ecletismo, bem parecido com o de Victor Cousin, pois eram amigos.

Hegel queria uma Constituição democrática e constitucional, nos moldes do melhor da Inglaterra, para a Alemanha. E queria um Estado social, interventor, chegando a elogiar as corporações de ofício, pois eram formas de controle social sobre o processo econômico.

Hegel seguia o melhor do cameralismo e adotava bons textos de Adam Smith (há a parte boa em Adam Smith, ao lado dos erros liberais, o joio). 

No entanto, também é verdade que Hegel redigiu vários textos de quase idolatria do Estado (“deificação do Estado”, cf. Alceu), especialmente nos livros “Lições sobre a filosofia da História” e “Filosofia do Direito”.

Gans, sucessor de Hegel, depurou melhor o hegelianismo e soube apreciar a democracia, com uma interpretação mais cristã do legado de Hegel. Marx foi aluno de Gans. Gans era cristão, progressista e passou para Marx várias ideias fundamentais.

Há uma parte boa no hegelianismo, uma parte bem próxima do catolicismo.