Reforma agrária é um plano geral, bem amplo, de Estado social

A Reforma Agrária exige ampla intervenção estatal na economia, apoio do Estado à produção agrícola campesina e orgânica, tal como acesso de todos ao solo, aos bens. 

Exige economia mista, grande propriedade pública, e difusão de pequenas e médias, numa boa combinação, de ativos públicos e privados de pequeno porte.

No fundo, reforma agrária é uma forma de socialização, que deveria adotar os moldes arquitetônicos esboçados pelo espanhol católico, Arturo Soria y Mata (1844-1920), especialmente nas formas de cidades lineares (uma espécie de cidade-jardim e neste ponto vale a pena ler também Ebenezer Howard, “Cidades-jardins de amanhã”).

Este tipo de estrutura arquitetônica oferece, acredito, a melhor base para uma boa reforma agrária.

Uma boa reforma agrária deve fundir o campo e a cidade, espalhando no campo as estruturas boas próprias das cidades.

A separação entre cidade campo, como se fossem “duas nações hostis”, foi bem criticada por David Urquhart, escritor católico ou calvinista que atuou numa parceria informal com Karl Marx e foi citado por este com elogios. Urquhart, Sismondi e Pitt elogiavam os textos dos Papas.

A eletrificação, como apontou Alceu, permite esta fusão.

Soria y Mata foi um republicano católico abolicionista, pitagórico (fascinado pelo tetraedro) que, em obras como “A cidade linear” (1894) ou “Gênesis” (1913), deixou esboços para a união entre campo e cidade.

Em suas idéias, combina o que há de bom nas cidades pequenas (o modelo predileto de Rousseau, Jefferson ou Chesterton) com uma estrutura de transporte estatal (ferrovias) que as une, o que lembra as idéias de cooperativismo com planejamento e apoio estatal, de Buchez e João XXIII.