O cardeal Gibbons (1834-1921), o Arcebispo católico de Baltimore-Maryland nos EUA, lá por 1886, ensinava que a legitimidade e até a eficácia (“vim”, em latim, correlato à virtude, força, bondade) das “leis” – das regras sociais e racionais de conduta, de autodeterminação social – nasce da adequação destas com os sentimentos, as necessidades, as aspirações, os ideais, as verdades, os sonhos, as idéias e o bem dos destinatários, do povo (adequação ao bem comum).
Num Memorial a Leão XIII, em defesa dos Cavalheiros do Trabalho, Gibbons lembrou que a Igreja não pode ser nunca vista como “aliada dos poderosos e dos ricos”, “porque semelhante aliança, ainda que aparente”, “causaria um mal inaudito”, “arruinaria o sentido de nossa história: de ser o único poder no mundo que, há dezoito séculos, atua como protetora das classes pobres e desvalidas”.
Leão XIII acatou o pedido de Gibbons e protegeu os Cavaleiros do Trabalho (organização elogiada por Lenin, mais tarde). Marx e Engels apoiavam os Cavaleiros do Trabalho, entidade sindical e política que foi inclusive chefiada por um Católico, nos EUA, precursora do movimento operário estadunidense.
Gibbons também ensinava que nenhum “edifício social” subsiste com fundamento na miséria e na opressão.
Para Gibbons, a “miséria” é um “mal”, “consequência e efeito do pecado” (cf. “Libertatis conscientia”, de João Paulo II), especialmente das “estruturas de pecado” (do latifúndio, do imperialismo, do capitalismo, da usura presente na dívida pública e nas relações trabalhistas e comerciais etc).