No Brasil, os maçons voltam, aos poucos, para a Igreja

O Barão do Rio Branco (1845-1912), filho do Visconde do Rio Branco, no início da vida, acompanhou seu pai, na “Questão religiosa” (lá por 1874), sem nunca deixar de ser católico.

Depois, na idade madura, reaproximou-se da Igreja.

Quando esteve, por algum tempo, em Paris, frequentava as igrejas de Saint Severin, Saint Medard e a Catedral de Notre Dame (dedicada a Maria). Educou as filhas no colégio das “Daimes Dominicaines” (Freiras dominicanas). de 1892 a 1912, até sua morte, tinha sempre pendurado um Crucifixo atrás de sua mesa de trabalho.

Quando morreu, em 09.02.1912, o Barão do Rio Branco recebeu a Unção dos Enfermos. Teve enterro católico, com cerimônias na Catedral e no Mosteiro de São Bento.

O Barão do Rio Branco foi o maior dos Ministros do Exterior, do Brasil, sendo sempre defensor da paz, da mediação e inimigo das guerras. Foi também um grande historiador. 

Nilo Procópio Peçanha (1867-1923) foi outro maçom que se converteu. Teve casamento religioso, em 1895. Chegou a Grão Mestre do Grande Oriente. Em 1906, foi eleito vice-presidente com um católico como Afonso Pena, no cargo de Presidente. Afonso Pena faleceu em 1909 e Nilo assumiu, por um ano.

Neste ano, Nilo Peçanha tentou bloquear a vinda de padres portugueses, especialmente jesuíta, tendo sido vencido nisso, pois houve um movimento mundial a favor dos padres. Em 1921, Peçanha candidatou-se a Presidente, sendo vencido pelo grande católico nacionalista, Arthur Bernardes.

Em 1923, Peçanha ficou doente e fez as pazes com a Igreja. Passou a participar das Missas, na matriz da Glória, no Largo do Machado, no Rio.

Quando foi derrubado pela doença na vesícula, Peçanha pediu a esposa para chamar um padre, se confessou e comungou. Quando morreu, o Cardeal Arcoverde cedeu o prédio da Matriz da Glória, para o velório do corpo, tendo enterro católico.

Lembro que Voltaire sempre foi mais cristão e católico que maçom.

Voltaire apenas se filiou a maçonaria uns meses antes de morrer, e morreu reconciliado com a Igreja, recebendo os Sacramentos e tendo enterro católico. 

A maçonaria, hoje, no Brasil, está reduzida a apenas 150.000 membros, com flutuações. Está totalmente dividida em vários ramos. Tem o Grande Oriente do Brasil, a Confederação das Grandes Lojas e os Grandes Orientes estaduais independentes. Em todas, há um movimento de diálogo, de superação de anticlericalismo, de volta a Igreja, de reconciliação com a Igreja.

Talvez um dia, no Brasil, os católicos possam ser maçons, com aval do Vaticano, como ocorre na Maçonaria dos países escandinavos, onde um católico pode se filiar à Maçonaria, pois não há nada de anti-religioso ou anticlerical na maçonaria nos países escandinavos (Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia).

Grandes sacerdotes, como o padre Valério Alberton, um grande jesuíta, lutaram pelo diálogo com a maçonaria, para erradicar o anticlericalismo. 

A superação do anticlericalismo é o ponto mais importante pois o Vaticano basicamente veta o anticlericalismo.

As regras de segredo foram sendo aos poucos abandonadas pela Maçonaria, que é, hoje, mais reservada, que partidária de segredos. Ainda bem. Sociedades secretas nunca são boas e foi esta a principal razão da condenação, no início, os juramentos e o culto ao segredo. Coisas ruins.