Francisco I, carta de 30.05.2015, aos criminalistas – a criminalidade nasce das desigualdades econômicas e sociais, da opressão dos pobres

Francisco I, na Carta ao XIX Congresso Internacional de Direito Penal, em 30.05.2014, lembrou aos maiores criminalistas que boa parte dos crimes nascem das “desigualdades econômicas e sociais”, das “redes da corrupção”, do “crime organizado”, organizado pelos “mais poderosos”.

O papa frisa que o “flagelo” da criminalidade é aumentado pela economia capitalista, “baseada unicamente nas regras do mercado”, sem suficiente intervenção e regras estatais, sem economia mista e social. As grandes fortunas controlam a mídia, “criando expectativas” (consumismo) e “necessidades supérfluas”, excluindo pessoas como lixo ou ruínas.

Vejamos o texto do Papa:

Todos nós somos pecadores; Cristo é o único Justo. Também nós, às vezes, corremos o risco de nos deixarmos levar pelo pecado, pelo mal e pela tentação. Em todas as pessoas a capacidade de agir muito bem convive com a possibilidade de causar muito mal, por mais que se deseje evitá-lo (cf. Rm 7, 18-19). E devemos interrogar-nos por que motivo alguns caem e outros não, uma vez que todos pertencem à mesma condição humana”.

“Não poucas vezes a delinquência afunda as suas raízes nas desigualdades econômicas e sociais, nas redes da corrupção e no crime organizado, que procuram cúmplices entre os mais poderosos e vítimas entre os mais vulneráveis. Para prevenir este flagelo, não é suficiente dispor de leis justas, mas é preciso formar pessoas responsáveis e capazes de as pôr em prática. Uma sociedade baseada unicamente nas regras do mercado, criando expectativas falsas e necessidades supérfluas, descarta quantos não estão à altura e impede que as pessoas lentas, frágeis e menos dotadas abram caminho na vida (cf. Evangelii gaudium, 209)”.