A boa distinção de Benedetto Croce, adotada por Alceu

Pio XI condenou o nazismo na “Mit brennender sorge”, em 1937. Como Croce apontou, o poder legítimo, na concepção cristã, nasce da consciência do povo, da organização do povo, e não da força. Por isto, o Vaticano sempre condenou o maquiavelismo (as primeiras críticas ao livro “O príncipe” são críticas de grandes católicos). Como Marx mesmo apontou, o maquiavelismo era a ideologia da força, do absolutismo, pois fundava o poder na força bruta e na mentira.

Croce também teve o mérito de distinguir entre liberalismo e democracia, esposando a democracia. No Brasil, a Esquerda democrática (a organização que gerou o Partido Socialista Brasileiro), em 1946, também distinguia entre liberalismo e democracia, a mesma distinção feita por Benedetto Croce e centenas de outros autores. A doutrina da Igreja faz a mesma distinção, aprovando a democracia e rejeitando o liberalismo. No século XIX, parte do “liberalismo” era boa, era a parte da democracia. A parte má era e é o capitalismo.

Benedetto Croce demonstrou de forma honesta que o “liberalismo político” (instituições democráticas, democracia política) existe independente do liberalismo econômico. A democracia não é, em si, liberal, o liberalismo forja uma forma oligárquica e falsa de democracia, a “democracia liberal”, que é incompleta, e que se auto destrói, pois, nela, o poder é controlado pelos monopólios privados, o latifúndio e pelas pessoas ricas. O poder, na democracia liberal, é o guardião do capitalismo, da opressão dos trabalhadores.

Alceu Amoroso Lima, Edgar de Godói da Mata Machado, Raymundo Faoro e outros também demonstraram que o liberalismo econômico não é democrático. Os liberais e neoliberais do PFL/DEM e de outros partidos, especialmente os tucanos neoliberais, tentam confundir liberalismo e democracia, mas, os pés de “barro” (de lama, sujeita e sangue) do Estado burguês ficam patentes.

Alceu e Afrânio Peixoto, dois grandes católicos, seguiram a linha de crítica literária de Croce, uma linha expressionista, e não impressionista, subjetivista.