Os carbonários católicos foram precursores das melhores ideias de Marx

Os carbonários era católicos. Lutavam pela democracia e também abonam a tese deste blog sobre a harmonia entre a religião e a democracia popular e social. A religiosidade dos carbonários fica mais do que evidente nos textos históricos da seita, nos seus ritos e na própria fórmula do juramento. Esta religiosidade foi reconhecida inclusive no documento “Ecclesiam a Jesu Christo” (13.09.1821), onde Pio VII constata o apreço dos carbonários por Cristo, pelo cristianismo e pela Igreja.

Nos ritos e dogmas carbonários há o amor à paixão de Cristo e por outros “mistérios” religiosos. Em seus juramentos, a base é religiosa. Tinham erros teológicos, mas também bases verdadeiras. Na França, os líderes iniciais da Carbonária foram homens religiosos como Buchez e mesmo Bazard. Na Itália, um de seus líderes principais foi Giuseppe Mazzini, um italiano com grande religiosidade, defensor de uma democracia popular, social e econômica, com fundamentação religiosa.

A religiosidade dos carbonários foi atestada pelo próprio Pio VII, na bula “Eccles. à Jesu-Christo”, em 1821: “eles afetam singular respeito e um zelo admirável pela religião e pela doutrina e pessoa de Jesus Cristo, a quem” chamam de “seu grão-mestre e o chefe da sua sociedade”. Usam “discursos que parecem mais suaves que o óleo”. Neste documento, Pio VII condenou o juramento de segredo dos carbonários, com o mesmo argumento da proibição da maçonaria. As sociedades secretas são anti-democráticas, pois fogem à luz pública do dia. Esta premissa foi adotada pelo Cardeal Salvatore Pappalardo, arcebispo de Palermo, no conflito contra a máfia, na Sicília, e está correta. Os erros dos carbonários não apagam a parte boa de suas obras, o bom trigo, que supera o joio.